A ambiguidade dos elogios de muzan a daki: Análise da retórica do vilão em kimetsu no yaiba
As declarações de Muzan sobre Daki, elogiando sua beleza e força, geram questionamentos sobre a verdadeira intenção e os critérios do Rei dos Demônios.
Recentemente, uma declaração específica feita pelo antagonista principal de Kimetsu no Yaiba, Muzan Kibutsuji, chamou a atenção pela sua aparente contradição com a hierarquia estabelecida entre os demônios. Muzan teria afirmado que Daki era beleza e força superiores a qualquer outro de seus subordinados.
Analisando o contexto narrativo, essa afirmação levanta questões importantes sobre a natureza da liderança de Muzan e seu papel como criador dos demônios mais poderosos. Embora a beleza estonteante de Daki, a Lua Superior Seis, seja inegável e um fator que ela utiliza constantemente, sua força em combate, quando comparada a outros membros das Luas Superiores - especialmente contra os Hashiras mais proeminentes - é frequentemente vista como inferior.
A Força Relativa Dentro da Hierarquia Demoníaca
O sistema de poder estabelecido na série é rígido: as Luas Superiores possuem uma ordem clara de poder, e Daki ocupa uma posição mais baixa nesse escalão, próxima ao limite inferior da elite de Muzan. A própria Daki demonstra estar ciente da disparidade de força entre ela e seus companheiros de nível superior, como Douma ou Akaza.
Portanto, o elogio de Muzan, se considerado estritamente em termos de poder destrutivo, parece ser uma hipérbole ou um erro de avaliação estratégica. Contudo, a narrativa sugere que a motivação por trás das palavras do vilão raramente é simples. Em vez de ser um guia factual de poder, a declaração pode ser interpretada sob a ótica da manipulação psicológica.
O Jogo da Vaidade e Controle
Muzan Kibutsuji é mestre em explorar as fraquezas e ambições de seus servos. Ele mantém seus demônios em constante estado de competição velada e insegurança. Ao exaltar Daki - talvez mais por sua aparência e seu estilo de luta que agrada aos seus caprichos estéticos do que por pura proeza combativa - Muzan poderia estar buscando alcançar múltiplos objetivos.
Primeiramente, reforçar a importância de Daki garante a lealdade dela e serve como um exemplo positivo (dentro da lógica demoníaca) para os demais Luas, incitando-os a buscarem o tipo de apreciação que o Rei dos Demônios valoriza. Em segundo lugar, se Daki acredita piamente em sua superioridade, concedida pelo próprio Muzan, ela se torna mais imprudente ou mais determinada a provar esse status, o que pode ser útil para atrair a atenção dos Caçadores de Demônios.
A beleza, no contexto de Daki, é também uma arma poderosa. Ela usa sua aparência para seduzir e enganar suas vítimas, cumprindo a função que Muzan mais valoriza: a eliminação eficiente de humanos. Assim, o elogio pode ser menos sobre a força bruta em combate direto e mais sobre a eficácia geral de Daki como um instrumento do mal, integrando estética e função predatória.
Essa ambiguidade na avaliação de Muzan ilustra a complexidade de seu caráter: ele não busca apenas guerreiros, mas sim a personificação de sua própria ambição por uma existência perfeita e sedutora, mesmo que essa perfeição seja uma ilusão mantida sob estrita vigilância.