Análise do arco de kaguya ōtsutsuki: O impacto de ter um vilão final manipulador em naruto

A transição de Madara para Kaguya como antagonista final gera debates intensos sobre o peso narrativo e o simbolismo da manipulação.

Analista de Anime Japonês
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22/12/2025 às 15:55

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A introdução de Kaguya Ōtsutsuki como a verdadeira antagonista no final de Naruto representa um dos pontos de virada mais polarizadores da franquia. Enquanto alguns espectadores e leitores apreciam a complexidade intrínseca que essa revelação acrescenta à mitologia do universo ninja, outros sentiram que ela diminuiu o impacto do confronto planejado com Madara Uchiha.

O peso da manipulação no clímax

Um ponto central levantado sobre este arco reside na ironia dramática envolvendo Madara Uchiha. O personagem, que passou grande parte de sua existência orquestrando planos complexos e utilizando indivíduos como meros peões para alcançar sua visão de paz ou poder, acaba se revelando um peão ele mesmo. Essa reviravolta serve como um comentário poético sobre a natureza cíclica da ambição e do uso alheio.

Para muitos, essa camada adicional de manipulação sofisticada, onde até mesmo o grande vilão da Quarta Guerra Ninja era controlado por uma entidade ancestral, enriquece a profundidade da narrativa. Kaguya surge não apenas como uma ameaça física, mas como a fonte primordial dos conflitos daquela era, ligando diretamente seu despertar aos eventos que moldaram os protagonistas.

A preferência por Madara como chefe final

Apesar do valor simbólico da conclusão envolvendo Kaguya, existe um segmento considerável que lamenta a substituição de Madara como o oponente definitivo. Madara, com sua história trágica e motivações compreensíveis (dentro de sua perspectiva niilista), possuía um enraizamento emocional mais profundo com os eventos passados da história de Naruto, especialmente sua rivalidade com Hashirama Senju.

A narrativa construída em torno dos ideais de Madara sobre o Tsukuyomi Infinito parecia culminar em um confronto ideológico e de poder entre aliados que viraram inimigos jurados. Mudar o foco para Kaguya, uma figura quase mitológica e menos pessoal, alterou drasticamente o tom do clímax.

A transição abrupta exigiu que os protagonistas, Naruto Uzumaki e Sasuke Uchiha, rapidamente se adaptassem a uma nova escala de ameaça, que envolvia dimensões alternativas e poderes cósmicos, distanciando-se um pouco da filosofia ninja que norteou a maior parte da obra, como estudado em análises sobre o desenvolvimento de enredos épicos em animes de longa duração.

A performance de batalha contra Kaguya, embora visualmente impressionante e exigindo o esforço conjunto de todos os envolvidos, é frequentemente revisitada como um momento de espetáculo que, embora satisfatório em termos de ação, careceu do peso emocional que o confronto contra Madara prometia. O legado de Kaguya, contudo, permanece como um elemento crucial para entender a origem do chakra e dos Seis Caminhos, pontos fundamentais para a lore estabelecida por Masashi Kishimoto.

Em última análise, a escolha de Kaguya como final boss desafia a estrutura narrativa tradicional ao introduzir um fator externo de escala monumental, forçando uma reavaliação sobre quem realmente detinha o controle das correntes de eventos que atormentaram o mundo ninja por gerações.

Analista de Anime Japonês

Analista de Anime Japonês

Especialista em produção e elenco de animes e filmes japoneses originais. Possui vasta experiência em cobrir anúncios de elenco, equipe técnica e trilhas sonoras de produções de nicho, focando na precisão dos detalhes da indústria.