Análise de arte explora a tragédia de griffith sob a lente do 'argent infidus'
Nova representação visual de Griffith, intitulada 'Argent Infidus', disseca a transformação em Femto e a perda da essência humana após o Eclipse.
Uma nova e impactante obra de arte conceitual, denominada 'The Argent Infidus' (O Traidor de Prata), oferece uma profunda análise visual da jornada trágica de Griffith, personagem central da aclamada série Berserk de Kentaro Miura. A peça foca nos momentos cruciais que antecedem o Eclipse, explorando a aniquilação da identidade humana do personagem.
A representação destaca Griffith utilizando um lápis pálido, um recurso intencional para simbolizar a casca vazia que ele se torna antes do sacrifício derradeiro. A alma, segundo a interpretação da obra, já teria desaparecido, antecipando uma execução inevitável. O posicionamento do personagem sobre um fundo vermelho intenso serve como metáfora direta para a fundação de seu futuro, construída inteiramente sobre o sangue e a morte.
A cor da aniquilação e a ponte de prata
Acima da figura, a escuridão iminente do Eclipse é retratada não apenas como ausência de luz, mas como uma 'podridão negra', significando a aniquilação da identidade e o subsequente nascimento de uma entidade desumana. Entre o sangue e o esquecimento, a obra insere a cor prata. Este elemento prateado funciona como um vácuo, um vazio silencioso que atua como a ponte entre o sacrifício sangrento e a obliteração total.
O uso da prata reforça a ideia de que Griffith, neste estágio, já não pertence mais ao mundo dos homens. Em sua mão repousa o Behelit, a 'maçã proibida'. Seu núcleo dourado reflete o sonho que ele idolatrou, enquanto sua polpa em decomposição revela a natureza ilusória da promessa de ascensão. A obra argumenta que a crença na divindade autoimposta o levou à perdição, comparando sua queda à de outros Apóstolos que caíram na ilusão do poder.
A corrupção do ser divino
A análise mais incisiva recai sobre a transição para a forma de Femto, momento em que sua verdadeira coloração emerge no anime: um roxo doentio e corrompido. Diferente da nobre imagem do falcão prateado que ele ostentava, o roxo é interpretado como a mescla de decadência e divindade. Não se trata de realeza, mas sim da cor da carne estragada e dos sonhos envenenados. A mensagem central é contundente: o retorno não é o de um salvador ou de um deus, mas de uma violação que veste a memória de uma forma humana.
A premissa final da arte ecoa a ideia de que, ao sacrificar todos pelo seu sonho, Griffith sacrificou a si mesmo. Ao se tornar uma entidade desprovida de desejo, sofrimento ou amor, o próprio sonho perde valor. Um trono, nesse estado, não significa nada para a criatura que perdeu a capacidade de sentir o peso de uma coroa. A obra resume este paradoxo de forma sombria: “Ele não ascendeu. Ele foi apagado e o que resta não é um deus, mas um monstro vestindo o cadáver de um sonho.”
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.