Análise aponta que a nova adaptação de berserk corre demais, sacrificando o peso narrativo
A nova versão animada de Berserk está sendo criticada por acelerar eventos cruciais, diminuindo o impacto dramático das cenas.
A recente chegada de Berserk Memorial Edition ao streaming gerou um debate intenso sobre a execução de seu material original. Enquanto a obra clássica de Kentaro Miura continua a cativar gerações, a nova adaptação, que reedita e aprimora a série cinematográfica, tem sido vista como excessivamente apressada por alguns espectadores.
Um ponto central da crítica reside no ritmo narrativo. Analistas notam que a edição corre em velocidade acelerada por sequências que, em versões anteriores, recebiam o devido espaço para construção de tensão e desenvolvimento emocional. Um exemplo notório citado é o confronto épico com o demônio Zodd. Na adaptação de 1997, essa luta ocupa um segmento considerável do sexto episódio, permitindo que o espectador absorva a grandiosidade e a brutalidade do ser.
Aceleração versus Impacto Dramático
Na Memorial Edition, o mesmo evento crucial é condensado em meros minutos. A sensação predominante é de que a produção está tentando cobrir muito terreno em pouco tempo, impedindo que momentos de clímax atinjam sua ressonância pretendida. Há uma clara preferência pela progressão rápida da história em detrimento da imersão no drama e no desenvolvimento dos personagens, algo fundamental na complexa trama de Berserk.
A experiência de assistir a essa nova edição é contrastada com revisões mais antigas, como a aclamada série de 1997, que, embora mais limitada tecnicamente, soube gerenciar o compasso da narrativa. A lentidão controlada da versão clássica dava o peso necessário aos silêncios e às reações diante de eventos sobrenaturais.
A Controvérsia Visual do CGI
Além da questão do tempo, a técnica de animação empregada também levanta objeções. A utilização de computação gráfica (CGI) para representar certas criaturas, como o próprio Zodd, gerou desconforto visual. Muitos puristas argumentam que a estética 2D tradicional é indispensável para manter a integridade visual da obra de Miura, percebendo o visual 3D como destoante e, por vezes, estranho dentro do contexto estabelecido.
O desafio de adaptar um mangá com a densidade de Berserk é imenso. Enquanto a nova edição busca atualizar e recontextualizar a saga para um público contemporâneo, a urgência em transmitir a trama parece ofuscar a necessidade de permitir que os eventos mais viscerais e transformadores respirem. A referência ao arco da batalha contra Zodd serve como um microcosmo para o problema maior: a dificuldade em equilibrar fidelidade à cronologia e a entrega de uma experiência audiovisual impactante.