Análise: O que aconteceria se madara uchiha tivesse triunfado no mundo de naruto?

A saga Naruto, criada por Masashi Kishimoto, sempre girou em torno do conflito ideológico entre paz via ilusão e paz via esforço e compreensão. Um dos pontos de virada mais dramáticos da narrativa é a ameaça representada por Madara Uchiha, um dos fundadores de Konoha, cujo objetivo final era forçar a paz através do Mugen Tsukuyomi, o Plano do Olho da Lua.

A concretização desse cenário, onde Madara tivesse sucesso em projetar seu genjutsu supremo sobre o mundo, levaria a uma redefinição drástica da existência ninja. A premissa central da vitória de Madara não seria a destruição total, mas sim a submissão de toda a humanidade a uma realidade onírica, programada para ser perfeita.

O Fim da Agonia e a Ascensão da Ilusão

O Mugen Tsukuyomi, ativado pela fusão da energia da Dez Caudas com o poder do Rinnegan e do corpo do Jinchuuriki do Dez Caudas, induziria todas as criaturas vivas a um estado de sonho eterno sob a luz da Lua projetada pelo Rinne Sharingan. Para Madara, isto seria a cessação absoluta do sofrimento, da guerra e da dor inerente à vida de conflito entre nações e indivíduos.

Em termos práticos, significaria o fim da Vontade do Fogo e de qualquer conceito de livre arbítrio ou evolução alcançada através da adversidade. A sociedade ninja, tal como conhecida, desapareceria. Não haveria mais necessidade de shinobi, nem de vilarejos ocultos, nem do sistema de Cinco Grandes Nações. A energia vital seria usada apenas para manter o ciclo do sonho ativo, tornando a realidade física um mero hospedeiro para uma fantasia coletiva.

A Natureza da Realidade em um Mundo Sonhado

A grande questão levantada por este desfecho alternativo é a natureza da própria consciência. Sem a luta, o crescimento pessoal, representado pelo amadurecimento de Naruto Uzumaki através de suas perdas e vitórias, seria suprimido. O ciclo de ódio, que tanto Sasuke Uchiha e Naruto buscaram quebrar, seria substituído por um estado de estagnação feliz.

Apesar da ausência de dor física ou emocional, a estabilidade desse novo mundo dependeria ironicamente da manutenção da força de Madara e do Dez Caudas, ou de algum mecanismo contínuo de sustentação. O conceito de herói ou salvador, essencial para a mitologia da obra, seria extinto, pois não haveria necessidade de um salvador em um mundo onde todos já estão supostamente salvos, ainda que por um artifício.

A análise de tal evento aponta para um dilema filosófico profundo: vale mais a verdade dolorosa ou a felicidade garantida pela ilusão? O resultado da vitória de Madara seria uma paz totalitária e passiva, um monólito de consciência que difere fundamentalmente da paz conquistada através da aceitação mútua e do esforço contínuo de gerações, defendida pelo protagonista da série.