Análise crítica aponta falhas na construção do vilão muzan kibutsuji em "demon slayer"
A complexidade e motivações de Muzan Kibutsuji, antagonista principal de Kimetsu no Yaiba, são questionadas por uma visão que aponta inconsistências lógicas.
A figura de Muzan Kibutsuji, o antagonista central do aclamado mangá e anime Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer), tem sido objeto de análise detalhada por sua arquitetura narrativa. Embora sua presença seja inegavelmente imponente e sua maldade central para o enredo, certas decisões inerentes à sua mitologia levantam questionamentos sobre a coerência de seu planejamento ao longo dos milênios.
Um dos pontos mais debatidos reside na premissa central de sua busca pela cura para a vulnerabilidade à luz solar. Argumenta-se que um ser dotado de suposta inteligência superior demonstrou uma falível falta de pragmatismo histórico. A busca incessante por uma planta específica, essencial para sua imunidade, parece surpreendentemente ineficiente, especialmente quando confrontada com a limitação temporal de sua própria espécie.
A inconsistência da busca milenar
A lógica aponta que, se a solução residia em uma planta que floresce apenas durante o dia - momento em que os demônios, por sua própria natureza, estão impossibilitados de operar com segurança -, Muzan poderia ter delegado essa tarefa vital a agentes humanos contratados. O fato de ele ter adotado um método que envolvia a transformação de seres humanos em demônios, prática que inerentemente atrai a atenção dos caçadores de demônios e restringe a operação diurna, é visto como um erro estratégico fundamental.
Essa visão sugere que, em vez de um gênio maligno calculista, Muzan se assemelha a um vilão que se proclama astuto, mas cujas ações revelam uma execução simplória e cheia de falhas estruturais. A necessidade de manter vigilância constante sobre seus subordinados, sob o risco de aniquilá-los por desobediência, parece mais um sintoma de insegurança do que de domínio absoluto.
O contraste com antagonistas secundários
Interessantemente, a avaliação da profundidade de Muzan frequentemente o coloca em desvantagem quando comparado aos seus subordinados mais proeminentes, as Luas Superiores. Personagens como Douma são citados como exemplos de antagonistas que, mesmo com motivações mais rudimentares - como a pura satisfação na maldade -, apresentam um desenvolvimento de personagem e uma execução dentro da narrativa mais satisfatórios.
Douma, por exemplo, opera sob um princípio direto de maldade intrínseca, sem a necessidade de planos grandiosos ou de uma busca existencial complexa. Essa simplicidade, em contraste com a complexidade fracassada de Muzan, confere-lhe uma presença mais marcante e menos questionável em termos de coerência interna.
Motivação pós-objetivo
A ausência de um plano claro para o futuro também mina a credibilidade de Muzan como o arqui-inimigo definitivo. Após a hipotética aquisição da imunidade ao sol, o vazio em relação ao seu próximo passo é notável. Seria a conquista global? A conversão total da humanidade em seus servos? Ou algo trivial, como desfrutar de um ambiente iluminado?
A narrativa de um antagonista maligno, mesmo que puramente cruel, exige uma ambição final que justifique a escala de suas ações e sacrifícios. A falta de projeção futura de Muzan torna seu reinado de um milênio mais reativo e defensivo do que verdadeiramente proativo e ambicioso, diminuindo o impacto de sua ameaça a longo prazo, apesar de seu papel central em guiar a jornada de personagens como Tanjiro Kamado.