Análise aponta falhas na construção de personagens femininas em naruto

Uma análise aprofundada sobre a construção narrativa das personagens femininas na obra Naruto tem gerado intensos debates sobre a profundidade e a independência de agência concedida às kunoichis ao longo da história. O argumento central sugere que, mesmo as mais proeminentes, pecam por terem suas motivações intrinsecamente ligadas a figuras masculinas, limitando seu desenvolvimento autônomo.

A perspectiva levantada não visa atacar ou desqualificar as personagens por serem mulheres, mas sim criticar a superficialidade de seus arcos narrativos quando comparados aos seus pares masculinos. A crítica foca em como a dependência de relações ou eventos masculinos molda o destino e as decisões de figuras centrais.

O peso das motivações masculinas

Um ponto de destaque recai sobre Tsunade, frequentemente citada como a favorita entre o elenco feminino. Apesar de seu status como Quinta Hokage, sua jornada parece orbitar figuras masculinas. O valor que ela confere ao seu colar está ligado a Hashirama Senju. Seu medo de sangue é motivado pela morte de Dan, e sua decisão de se tornar Hokage é apresentada como uma necessidade imposta por Naruto e Jiraiya. Isso sugere que sua força e posição estão profundamente ancoradas em legados ou demandas externas de homens.

Personagens como Sakura Haruno também são examinadas sob a ótica da motivação. O desejo de se fortalecer, fundamental em seu arco, é primariamente justificado pelo sentimento de ser um peso para sua equipe ao lado de Sasuke e Naruto, e não um objetivo intrínseco de poder pessoal, como visto em outros protagonistas. Da mesma forma, a rivalidade inicial entre Sakura e Ino Yamanaka é reduzida à disputa por um interesse amoroso comum, um arco considerado simplista em contraste com as rivalidades masculinas da série.

Agência limitada e papéis secundários

A análise se estende a outras kunoichis que, apesar de terem potencial, são rapidamente colocadas em papéis de suporte ou sexualizados. Mei Terumi, a Quinta Mizukage, é apontada como um exemplo de sexualização exagerada dentro de um escalão de poder, com comentários frequentes sobre casamento. Kurenai Yuhi, logo após engravidar, é efetivamente removida da trama principal, e Tenten é vista essencialmente como uma admiradora constante de Neji Hyuga até sua morte, momento em que é marginalizada.

Mesmo personagens com papéis importantes no plano de fundo, como Konan ou Kushina Uzumaki, enfrentam críticas. Konan é vista como excessivamente passiva às decisões de Nagato, enquanto Kushina, apesar do sonho de se tornar Hokage, tem seu foco principal redirecionado para o papel doméstico após o casamento.

Contraste com o desenvolvimento masculino

O ponto mais forte da argumentação reside na comparação com o elenco masculino. Enquanto as rivalidades femininas, como a de Ino e Sakura, se encerram em torno de um interesse romântico, as rivalidades masculinas demonstram profundidade ideológica e de poder. As disputas entre Naruto e Sasuke, ou as tensões entre Kakashi e Obito, versam sobre filosofias de vida e o conceito de companheirismo em missões. Isso cria um desequilíbrio notável na escrita.

Em termos de poder e habilidades, o contraste persiste. O elenco masculino ostenta vasto leque de kekkei genkai, técnicas de Sábio e jutsus variados. Para as mulheres, a especialização frequentemente recai sobre ninjutsu médico, com exceções notáveis como a criatividade de Mei ou o uso de papéis explosivos por Konan. A expectativa é que os autores poderiam ter explorado mais o potencial de combate e as habilidades únicas das kunoichis, oferecendo-lhes mais momentos de destaque em batalhas significativas, algo que fãs de obras como Attack on Titan (com personagens como Ymir e Hange Zoë) ou The Last of Us (com Ellie) reconhecem como possível quando há dedicação ao aprofundamento feminino.