Análise aponta que o declínio de qualidade em one punch man temporada 3 reside no material base, e não apenas na animação

A qualidade da terceira temporada de One Punch Man é posta em xeque, mas uma perspectiva argumenta que a mudança drástica no ritmo e na narrativa do mangá é o verdadeiro culpado.

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Analista de Mangá Shounen

21/12/2025 às 09:05

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A expectativa em torno da terceira temporada de One Punch Man (OPM) gerou debates intensos, especialmente após as mudanças visuais percebidas pelos espectadores. Contudo, uma análise emergente sugere que o foco excessivo na qualidade da animação pode desviar a atenção do problema central da obra: a evolução da narrativa no mangá original.

Embora seja inegável que a animação tenha apresentado um declínio em comparação com os trabalhos anteriores de estúdios como o Madhouse, apontar esta alteração técnica como o único fator para a decepção da nova temporada seria ignorar a fonte primária do conteúdo. O argumento defendido é que, mesmo com uma animação primorosa, o material adaptado atualmente luta para manter o ritmo vertiginoso e o humor absurdo que definiram o sucesso inicial da série.

O ritmo da narrativa: de ação explosiva a longos monólogos

A popularidade estrondosa de One Punch Man na sua gênese estava intrinsecamente ligada à sua premissa: a sátira constante ao gênero de super-heróis através de cenas de ação espetaculares e, frequentemente, ridículas. O material-fonte, criado por ONE e ilustrado por Yusuke Murata, entregava um balanço quase perfeito entre o poder implacável de Saitama e o épico das ameaças ao redor.

Entretanto, nos arcos mais recentes do mangá, a estrutura narrativa sofreu uma inflexão notável. O que antes eram sequências de pancadaria rápida e impacto imediato, transformou-se em longas exposições de enredo e desenvolvimento de personagens secundários que, segundo os críticos dessa perspectiva, não agregam à força motriz da história.

Há uma predominância de painéis dedicados inteiramente a diálogos densos e a personagens explicando motivações complexas ou informações de bastidores. Transformar páginas e páginas de contexto extenso em algo visualmente dinâmico representa um desafio de adaptação monumental. Perguntas como "Como animar dois personagens parados explicando o lore por vinte quadros seguidos?" ilustram a dificuldade intrínseca de traduzir tédio em espetáculo.

A adaptação da monotonia

Um conteúdo que se apoia fortemente em longas explicações e introduz um número elevado de figuras secundárias, como as discussões internas da Associação de Monstros, naturalmente perde o momentum. O ímpeto de OPM residia justamente na quebra desse ímpeto, com Saitama resolvendo conflitos em um único golpe. A nova fase da HQ parece abraçar a burocracia e a complexidade que o protagonista sempre desdenhou.

O desafio para os produtores da adaptação animada é claro: eles estão fielmente transpondo um conteúdo que, em sua essência atual, afastou-se da fórmula que o consagrou. É complexo injetar emoção ou velocidade onde o original optou pela densidade expositiva. A expectativa de que apenas um aumento na animação, o chamado sakuga, resolveria a lentidão da narrativa é vista como uma compensação superficial para algo mais profundo na fundação da história.

Essa visão sugere que, para a franquia recuperar o vigor perdido, o foco deve migrar para a edição estratégica do roteiro, priorizando o fator entretenimento e a simplicidade irreverente que fizeram do One Punch Man original um fenômeno global, mesmo que isso signifique resumir longas explicações a um mínimo essencial.

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Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.