Análise jurídica e ética: O desafio de advogar pela redenção de griffith em berserk

A complexa figura de Griffith, do mangá Berserk, gera debates sobre seus crimes e ambições. Como defendê-lo em um tribunal?

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Analista de Mangá Shounen

28/10/2025 às 07:01

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Análise jurídica e ética: O desafio de advogar pela redenção de griffith em berserk

A trajetória de Griffith, o carismático líder da Banda do Falcão na obscura fantasia épica Berserk, sempre foi marcada por dualidades extremas: heroísmo visionário versus sacrifício monstruoso. Essa dicotomia se torna o centro de um exercício intelectual fascinante quando se propõe a missão de atuar como seu advogado de defesa em um julgamento fictício.

O cerne da defesa de Griffith reside na necessidade de contextualizar suas ações dentro de sua ambição colossal. Seu desejo de possuir um reino, de ascender acima da condição humana, é o motor narrativo de sua história. Um argumento inicial na corte envolveria a exploração do conceito de fatalismo dentro do universo da obra. Seria Griffith um agente livre ou uma peça inevitável no xadrez cósmico dos Apóstolos e do Deus Mão?

A defesa da sanidade e da motivação

A acusação, naturalmente, se concentraria no Eclipse: o ato de traição supremo que resultou na morte e mutilação de seus companheiros mais leais em troca de poder absoluto. Contudo, a defesa teria que navegar habilmente entre a crueldade do evento e a natureza do personagem pré-transformação. Antes de se tornar Femto, Griffith era um gênio militar, um libertador de nações e um líder admirado. Argumentar-se-ia que a pressão para concretizar seu sonho, somada à tortura que sofreu, o levou a um estado de desespero irracional, culminando na cerimônia do sacrifício.

Em termos jurídicos, a estratégia passaria por desmembrar sua personalidade. Seria possível alegar que o Griffith que pediu o sacrifício era uma entidade psíquica ou espiritualmente distinta do líder carismático que fundou a Banda do Falcão? A defesa poderia tentar eximir a responsabilidade criminal do indivíduo original, apontando para a influência sobrenatural ou demoníaca que o reformulou, transformando-o no arqui-inimigo que conhecemos. Trata-se de provar que o ato de sacrifício de sangue foi um ato sob coerção extrema, ou induzido por uma entidade externa, transformando o réu de criminoso em vítima de uma conspiração dimensional.

Análise do Sacrifício como Estratégia de Sobrevivência

Embora chocante, o sacrifício cumpriu um objetivo claro para Griffith: garantir a sobrevivência e a concretização de seu sonho, mesmo que sob uma nova forma. No tribunal, tal argumento seria delicado, mas necessário. Poder-se-ia traçar um paralelo, ainda que forçado, com líderes históricos que tomaram decisões eticamente questionáveis visando um bem maior percebido, como mencionado em estudos sobre a Realpolitik. O ponto seria argumentar que, para atingir a magnitude de seu sonho, ele estava disposto a pagar o preço supremo, e o preço envolvido era o que o destino lhe impôs.

A postura de Griffith, imperturbável e de beleza etérea após sua ascensão, sugere uma desconexão com a moralidade humana. Defender tal figura exige não apenas conhecimento das leis, mas uma profunda compreensão da filosofia niilista e da natureza humana explorada pelo criador Kentaro Miura. É um caso onde a lei humana colide frontalmente com o dogma da fantasia, tornando a absolvição puramente um exercício de interpretação narrativa e de empatia forçada com o desejo irrefreável de poder.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.