Análise controversa debate a justificativa para os atos de griffith em berserk

A trajetória de Griffith, protagonista antagonista da aclamada obra Berserk, de Kentaro Miura, é um campo minado de dilemas morais que continuam a gerar intensa reflexão entre os leitores. Uma linha de argumentação foca na inevitabilidade e na coerência de suas decisões, considerando o sofrimento extremo imposto ao personagem antes do sacrifício.

A Agonia Física e a Busca pelo Sonho

A defesa mais contundente das ações de Griffith se apoia na degradação física e psicológica extrema que ele sofreu após ser aprisionado e torturado por mais de um ano. O personagem teve seu corpo sistematicamente destruído, incluindo tendões e sua capacidade de fala. Diante de tal tormento, a perspectiva de retornar a uma vida humana, marcada pela invalidez permanente e pela frustração de seu maior desejo, é colocada como uma alternativa insustentável.

O argumento central sugere que, quando confrontado com a escolha entre permanecer um ser humano mutilado ou ascender ao poder divino como um dos God Hand, o caminho para o seu Reino, o sonho que sempre o moveu, se tornou a única via. O sacrifício dos companheiros, embora hediondo, é apresentado como uma mera extensão de um caminho já pavimentado por ambição desenfreada, apenas em uma escala maior.

O Papel de Casca e a Traição Recebida

A relação com Casca também é revisitada sob uma ótica pragmática dentro deste debate. A narrativa sugere que, após se sentir traído por sua devoção e lealdade, especialmente após o envolvimento dela com Guts, o interesse de Griffith nela se restringe à necessidade de um receptáculo físico para sua reencarnação no plano material. O fato de ele ter a resgatado anteriormente e provido segurança é contrastado com o que ele percebeu como ingratidão.

A motivação, portanto, é vista como a concretização de um objetivo maior: o estabelecimento de seu reino ideal, um lugar que, apesar de potencialmente perigoso para os habitantes comuns, representa a utopia para o próprio Griffith. A comparação é feita, inclusive, com a possível reação de seu rival, Guts, em circunstâncias semelhantes, reforçando a ideia de que a ambição de Griffith é inerente ao seu caráter mais profundo.

Ao analisar os eventos sob essa ótica, a decisão de Griffith não é pintada como um mero ato de vilania gratuita, mas sim como uma consequência lógica e desesperada de sua anulação como indivíduo, forçando-o a escolher entre a aniquilação pessoal ou a conquista absoluta, independentemente do custo social.