Análise aponta lacunas narrativas e desenvolvimentos apressados em demon slayer

Embora a popularidade e o sucesso estrondoso de Demon Slayer sejam inegáveis, uma análise mais detalhada da obra revela áreas que poderiam ter recebido um tratamento mais aprofundado em termos de trama e construção de personagens. A sensação persistente para alguns observadores é a de que certas trajetórias e o contexto de personagens cruciais foram explorados apenas superficialmente, deixando potenciais narrativos significativos de lado.

O mistério por trás dos Pilares e secundários

Um dos exemplos mais citados de lore subexplorada concerne a Gyomei Himejima, o Pilar da Pedra. Dados oficiais, como árvores genealógicas publicadas, sugerem que Gyomei possuía irmãos. A ausência desses personagens ou a falta de menção ao que ocorreu com eles, especialmente durante o período em que Gyomei foi injustamente acusado, levanta questões sobre o passado do Pilar que nunca foram totalmente estabelecidas.

Outro ponto de atenção é o personagem Kaigaku. Sua presença na história é extremamente limitada, concentrando-se quase exclusivamente em sua relação com Zenitsu e Jigoro. Considera-se que a narrativa perdeu a oportunidade de interligar Kaigaku com outros Pilares, como Gyomei, após o incidente que marcou sua deserção e a morte de seu mentor. Embora suas ações sejam desprezadas, entender melhor sua motivação, além do breve contexto apresentado, poderia ter adicionado complexidade ao vilão.

Mitsuri e o arco de Genya

No caso de Mitsuri Kanroji, a Pilar do Amor, embora sua jornada de superação de inseguranças seja elogiada por ser uma das mais humanas do grupo, a motivação oficial dela para ingressar na Corporação de Extermínio de Demônios aparenta ser simplista. Sugere-se que uma razão mais complexa, talvez envolvendo um noivado perdido para um demônio que usou sua vulnerabilidade contra sua família, poderia ter ancorado seu propósito de forma mais robusta, equilibrando a busca por um companheiro forte com a missão de proteger a humanidade.

O arco do personagem Genya Shinazugawa é visto como outro desenvolvimento truncado. Justamente quando sua dinâmica com o irmão, Sanemi, começava a se tornar interessante e seu papel único como alguém que consome demônios ganhava profundidade, sua morte ocorreu sem um desenvolvimento completo de sua perspectiva sobre sua própria natureza. Para muitos, isso sinaliza uma oportunidade perdida de explorar as nuances da hierarquia social e o delicado equilíbrio entre humanos e demônios, algo que poderia ecoar temas de coexistência vistos em outras obras.

A execução do arco de Zenitsu e conexões familiares

O desenvolvimento do protagonista Zenitsu Agatsuma também gera debate. O tropo do covarde que triunfa sob pressão é comum, mas a execução em seu caso é frequentemente criticada por parecer mal calibrada, levando a frustração em vez da satisfação esperada com seus momentos de bravura.

Questões de parentesco e coincidências históricas também alimentam a especulação sobre a profundidade do universo estabelecido. O reaparecimento de Shinjuro Rengoku, pai de Kyojuro, para salvar Obanai Iguro durante sua fuga do clã levanta suspeitas sobre uma conexão preexistente que não foi explicitada. Teóricos sugerem ligações familiares distantes entre os Rengoku e Obanai, baseadas em coincidências presenciais que parecem improváveis.

Além disso, a origem da dinâmica tóxica da família Shinazugawa (Sanemi e Genya) suscita conjecturas elaboradas. A ideia de que o pai, Kyogo, poderia ter sido um shinobi renegado, semelhante a Tengen Uzui, que se casou com Shizu para manter um perfil baixo, é levantada como uma tentativa de justificar a união forçada e a codependência que mantiveram a família unida apesar da toxicidade, com Shizu demonstrando uma passividade que pode ter sido uma forma de resistência e cuidado instintivo pelos filhos.