Análise paralela das jornadas sombrias de guts e kaneki em mangás de grande impacto
Investigação sobre as profundas semelhanças psicológicas e traumáticas entre Guts de Berserk e Kaneki de Tokyo Ghoul.
A análise das narrativas de sofrimento extremo em mangás de fantasia sombria frequentemente converge para dois titãs do gênero: Guts, o Espadachim Negro de Berserk, e Ken Kaneki, o protagonista de Tokyo Ghoul. Embora provenientes de contextos distintos - fantasia medieval gótica e horror sobrenatural urbano, respetivamente - ambos os personagens compartilham trajetórias marcadas por traumas avassaladores e lutas internas profundas.
O Peso do Trauma e a Perda da Identidade
O cerne da comparação reside na maneira como cada personagem é forçado a transcender seus limites após eventos cataclísmicos. Para Guts, a experiência do Eclipse é o marco zero de seu tormento contínuo, forçando-o a uma existência movida pela raiva e pela sobrevivência contra forças cósmicas e demônios. Sua luta constante contra a fúria descontrolada ecoa a perda gradual de sua humanidade.
De forma análoga, e embora sem o mesmo nível de catástrofe cósmica inicial, Kaneki passa por uma transformação brutal ao se tornar um ghoul. O período de tortura imposta por Jason, frequentemente comparado ao sofrimento extremo vivido por personagens shonen, destrói sua psique anterior. Essa provação o força a aceitar uma nova identidade monstruosa, lidando com dilemas éticos e a luta interna para manter resquícios de sua consciência original enquanto se adapta a um mundo violento.
Fator Sacrificial e Causualidade
Um ponto notável de convergência é o papel de ambos como peões em jogos maiores. Guts é apresentado desde cedo como um instrumento, explorado financeiramente por seu guardião, Gambino, iniciando um ciclo de exploração que culmina no sacrifício orquestrado por Griffith. Ele está em constante conflito com a causalidade, o destino implacável inerente ao universo de Berserk.
Kaneki também se vê como um sacrifício involuntário, um elo forçado entre mundos opostos. Sua transformação o torna um ponto de inflexão, um alvo e um peão nas tensões entre humanos e ghouls. A semelhança se estabelece na sensação de não controle sobre o próprio destino, reagindo a forças externas que definem suas ações e sofrimentos.
Perspectivas sobre o Fim
A divergência mais cruel, entretanto, surge na projeção futura. Observadores das jornadas apontam que, no caso de Guts, a exaustão de uma vida inteira sob o fardo da Espada Matadora de Dragões sugere um fim possivelmente trágico, onde a alívio final poderia ser encontrado apenas na própria cessação da existência. Essa visão reflete o desespero constante que permeia sua saga, independentemente de suas vitórias temporárias.
Já a jornada de Kaneki, embora repleta de sacrifícios emocionais e físicos, frequentemente oscila entre a aceitação e a negação de sua natureza dupla. Essa dualidade, explorada brilhantemente na obra de Sui Ishida, permite diferentes caminhos de redenção ou conclusão, ao contrário da sensação de inevitabilidade que acompanha a Busca por Vingança de Guts. Ambas as narrativas, contudo, são estudadas por sua profundidade psicológica e por retratarem a resiliência humana sob pressões inimagináveis.