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Análise da psique de griffith: Motivações divinas ou resquícios do trauma humano após ascensão a deus mão

A transformação de Griffith em Femto levantou questões profundas sobre se seu novo status extinguiu seu sofrimento passado ou se gatilhos específicos ainda o afetam.

Analista de Mangá Shounen
06/12/2025 às 17:55
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A ascensão de Griffith ao patamar de Deus Mão (God Hand) em Berserk, um dos eventos mais cruciais e traumáticos da narrativa, provocou intensos debates sobre a natureza de sua nova existência. A questão central reside em saber se, ao se tornar uma entidade quase divina, ele alcançou a transcendência completa de seu passado, especificamente o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) que moldou sua ambição e sacrifício.

A dialética entre divindade e memória humana

Como um membro da Deus Mão, Griffith opera em um plano existencial muito além das preocupações mortais. Sua metamorfose, impulsionada pelo sacrifício da Banda do Falcão durante o Eclipse, sugere uma completa reconfiguração de sua identidade. O Griffith humano era profundamente afetado por suas carências, seu desejo incessante por um reino próprio e, implicitamente, por cicatrizes emocionais profundas, como o trauma da violação.

A perspectiva levantada por análises de fãs sugere um ponto fascinante: a divindade recente o purificou de qualquer vulnerabilidade psicológica. Se ele transcendeu a dor da condição humana, teoricamente, gatilhos ambientais ou visuais que poderiam evocar lembranças de seu sofrimento anterior não deveriam mais ter efeito. Ele se tornou a personificação do desejo, imune a fraquezas emocionais.

Vulnerabilidades remanescentes ou a atuação de um novo arquétipo?

Entretanto, a discussão se aprofunda ao considerar o que exatamente faz um ser humano se tornar um membro da Deus Mão. Eles são manifestações dos desejos coletivos da humanidade, mas ainda retêm resquícios de suas vidas passadas. A teoria oposta argumenta que a arquitetura mental que levou Griffith a sacrificar seus amigos é tão intrinsecamente ligada ao seu ser que traços de trauma original jamais seriam totalmente apagados, mesmo com o poder cósmico.

Se o TEPT fosse apenas uma condição mental tratável, a divindade o curaria. Mas se o trauma se entrelaçou com sua essência e sua motivação fundacional para alcançar o Reino dos Sonhos, pode haver estímulos específicos que ainda o afetem, ainda que sutilmente. Por exemplo, a menção a certas condições físicas ou visuais ligadas às suas memórias mais dolorosas poderia, hipoteticamente, causar uma hesitação momentânea em combate, funcionando como gatilhos.

A análise se concentra em quais aspectos do eu de Griffith foram preservados e quais foram incinerados no altar do sacrifício. Seu foco atual é a construção de Falconia, um ato de controle absoluto, mas a frieza glacial com que ele lida com Guts e Caska sugere uma completa supressão da empatia e da memória dolorosa. O novo avatar de Griffith parece operar puramente através da lógica do destino e da ambição, relegando as dores da carne e da mente a meros artefatos históricos de sua jornada.

A complexidade da transformação de Griffith em Femto, um ser que mescla o belo e o monstruoso, continua a ser um dos elementos mais ricos da mitologia de Kentaro Miura, forçando o público a ponderar os limites entre a ambição suprema e a total perda de humanidade.

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Tags:

#Berserk #Griffith #God Hand #Física #PTSD

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.

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