Análise aponta potencial de revelação antecipada sobre yoriichi no anime de demon slayer

A adaptação animada de Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) tem sido elogiada por sua fidelidade visual e ritmo, mas uma observação atenta sobre a narrativa sugere um ponto de inflexão que poderia ter sido introduzido mais cedo. O incômodo surge da latência em mostrar a memória de Muzan Kibutsuji ao ver os brincos Hanafuda de Tanjiro Kamado, um elemento central na mitologia da obra.

Para aqueles familiarizados com o mangá, a menção a este momento específico serve como um gatilho narrativo poderoso. Este vislumbre do passado de Muzan, onde ele confronta Yoriichi Tsugikuni, o espadachim mais forte de todos os tempos, estabeleceria imediatamente a gravidade da ameaça representada pelos brincos, muito antes de ser explicitado na terceira temporada do anime.

O peso dos brincos Hanafuda

Os brincos Hanafuda não são apenas um adereço, mas um elo direto com o passado traumático de Muzan, ligando-o inegavelmente a Yoriichi. A revelação progressiva desse ódio ancestral é crucial para a construção da tensão entre o protagonista e o Rei dos Demônios. Ao adiar a animação desse flashback específico, a primeira temporada priorizou focar na jornada emocional de Tanjiro e na introdução dos Hashiras.

Contudo, a antecipação dessa cena no primeiro arco teria fornecido pistas cruciais para o público. A reação visceral de Muzan à visão dos brincos, observada por quem já havia acompanhado o mangá, poderia ter sido interpretada como um sinal claro de que a linhagem de Tanjiro carregava um fardo muito maior do que apenas a vocação para caçar demônios. Era, na verdade, a sombra de seu maior inimigo.

Impacto na percepção do público

A percepção da audiência que acompanha estritamente o anime é construída passo a passo, sem o conhecimento prévio adquirido na leitura do material original. A introdução da história de Yoriichi e sua conexão com a família Kamado, embora lindamente realizada posteriormente, ocorre quando a narrativa já avançou consideravelmente na linha do tempo da história, transformando o reconhecimento de Muzan em uma revelação tardia.

Se essa cena tivesse sido integrada logo após o primeiro encontro significativo entre Tanjiro e Muzan, ou até mesmo quando ele vislumbra os brincos pela primeira vez no anime, o desenvolvimento da trama seria imediatamente recalibrado na mente do espectador. A urgência da caçada e a importância da herança de Tanjiro ganhariam uma camada adicional de peso imediatamente.

Essa diferença na arquitetura da revelação, entre a experiência do leitor do mangá e a do espectador do anime, destaca a dificuldade de adaptar obras ricas em história de fundo. Embora a espera tenha resultado em um momento dramático potente na progressão da animação, a oportunidade de semear a semente do conflito fundamental mais cedo permaneceu intocada na primeira fase da série.