Análise sugere que o sucesso do arco da guerra de sucessão é intrinsecamente ligado aos objetivos dos antagonistas em hunter x hunter
Uma interpretação profunda da narrativa de Hunter x Hunter aponta que o caminho para o aguardado Continente Negro depende do triunfo dos 'maus'.
Uma análise detida da trama de Hunter x Hunter, especialmente após o término da saga do anime, sugere uma reviravolta paradoxal na estrutura narrativa: o sucesso da jornada épica que culmina na expedição ao Continente Negro parece estar diretamente atrelado à concretização dos desejos dos antagonistas centrais.
A premissa fundamental levantada é que, se os protagonistas alcançassem seus objetivos imediatos, a própria estrutura da aventura atual - a expedição ao Continente Negro e o complexo Arco da Guerra de Sucessão - simplesmente não existiria. Personagens como Kakin, o Rei Nasubi, Beyond e Pariston são apontados como catalisadores essenciais.
Os arquitetos da jornada épica
Sem as maquinações dessas figuras, que forçaram a mão da Associação dos Hunters e do V5 (o Conselho das Cinco Grandes Nações), a permissão para iniciar uma viagem de magnitude inédita jamais seria concedida. Portanto, a experiência narrativa atual, considerada por muitos como o auge da obra, teria sido orquestrada pelas ações daqueles que se enquadram como os 'vilões' da história. Isso implica que a prosperidade da narrativa está intrinsecamente ligada ao 'fracasso' moral dos heróis.
Considerando os objetivos específicos, Beyond busca o sucesso na exploração do Continente Negro para trazer benefícios ao seu reino, Kakin, e potencialmente introduzir uma sexta calamidade para a humanidade. Além disso, ele deseja que a Guerra de Sucessão se conclua com seu príncipe secreto vitorioso, alinhado aos seus planos envolvendo sacrifícios de maldições de seus filhos.
Paralelamente, o Rei Nasubi almeja o êxito do ritual em andamento, visando a ascensão de Kakin no Novo Mundo e sua capacidade de encarar os desafios do Continente Negro. Até o momento, os planos de ambos progrediram conforme o esperado, demonstrando a eficácia de suas estratégias malignas.
O dilema dos 'Bons Rapazes'
Por outro lado, se os 'mocinhos' prevalecessem, Beyond seria detido e a Guerra de Sucessão pararia, frustrando os planos de Kakin. Contudo, essa interrupção abriria caminho para o sucesso de Chrollo Lucilfer em adquirir os tesouros sagrados e aprimorar seus poderes. O desfecho potencial dessa linha alternativa envolveria um novo confronto entre Chrollo e Hisoka, com o risco de aniquilação mútua da Trupe Fantasma e do próprio Hisoka, o que seria um custo altíssimo para a paz relativa.
A situação se mostra complexa em todas as frentes. O plano de Morena de destruir a humanidade está fadado ao fracasso, mas sua tentativa de devastar Kakin coloca os leitores em uma posição desconfortável: a vitória de Kakin pode ser trágica, mas é preferível à completa aniquilação promovida por Morena, configurando um verdadeiro embate 'vilão contra vilão'.
Até mesmo as boas intenções têm se mostrado desastrosas. A tentativa de Melody e dos Hunters de salvar os príncipes resultou na morte de Kacho. O Príncipe Halkenburg, que desejava encerrar o conflito por não querer um trono manchado de sacrifícios, falhou em dissuadir Nasubi e agora se conformou em jogar para vencer, aceitando o custo humano. Da mesma forma, a tentativa de Theta de assassinar Tserriednich antes que ele se tornasse uma ameaça Nefasta culminou no despertar de uma das habilidades mais aterrorizantes da série.
Em última análise, a narrativa aponta para a probabilidade de que os antagonistas alcancem seus objetivos principais. Um final de conto de fadas, com todos os príncipes bons sobrevivendo e a expedição voltando sem grandes perdas humanas ou morais, parece estatisticamente improvável. Se os 'bons' vencessem, os resultados poderiam ser igualmente ou até mais catastróficos. A conclusão sombria é que a primazia do mal é, ironicamente, o motor que impulsiona a grandiosidade da fase atual de Hunter x Hunter.