Análise de arquétipos: Sutil semelhança entre lord varys de game of thrones e o ministro foss de berserk

Observadores atentos de narrativas de fantasia e ficção histórica têm notado paralelos notáveis entre duas figuras de poder sombrio em universos muito distintos: Lord Varys, o Mestre dos Sussurros em Game of Thrones (A Song of Ice and Fire), e o Ministro Foss, uma personagem influente no mangá Berserk.

Apesar de pertencerem a mundos criados por George R.R. Martin e Kentaro Miura, respectivamente, as semelhanças na construção de personagem sugerem um arquétipo comum de conselheiro maquiavélico que opera nas sombras. Ambos representam a personificação da influência indireta, preferindo a manipulação sutil à força bruta.

O Poder da Informação e da Neutralidade Aparente

Lord Varys é famoso por sua rede de espiões, os “pequenos pássaros”, que lhe fornecem um fluxo constante de segredos. Sua lealdade declarada é sempre ao “reino”, uma posição que lhe permite navegar por cortes voláteis sem se comprometer totalmente com uma única facção, exceto quando seus próprios planos entram em curso.

De forma análoga, o Ministro Foss, em Berserk, ascendeu ao poder dentro do Reino de Midland através de sua competência burocrática e sua capacidade de parecer indispensável à coroa, muitas vezes servindo como uma ponte entre a nobreza e o povo comum, enquanto orquestra eventos políticos complexos. A essência de seu poder reside no controle da informação e na gestão da máquina estatal.

Estratégias de Sobrevivência e Ascensão

Um ponto crucial na comparação reside na forma como ambos os personagens lidam com a ameaça. Eles não são guerreiros; sua sobrevivência depende da inteligência e da antecipação. Varys se orgulha de sua habilidade de evitar o desastre iminente através do conhecimento.

O histórico de ambos também carrega um peso traumático. Embora os detalhes biográficos sejam divergentes - Varys teve uma origem humilhante em Essos, explorada por magos, enquanto Foss se solidifica no poder institucionalizado -, ambos utilizam o sofrimento passado como combustível para sua busca implacável por segurança e controle sobre o ambiente político. Essa trajetória os define como figuras amoralmente pragmáticas, onde o custo humano é secundário ao sucesso da missão estratégica.

A comparação serve como um excelente estudo sobre como autores, independentemente do gênero ou do meio, recorrem a modelos narrativos testados quando buscam criar antagonistas ou anti-heróis dependentes da astúcia política. O arquétipo do sussurrador, aquele que move peças no tabuleiro sem se sujar no campo de batalha, demonstra uma ressonância duradoura na ficção de fantasia épica, ecoando estratégias vistas em figuras históricas como Nicolau Maquiavel, que teorizava sobre a manutenção do poder.