O aumento da censura nos estados unidos e as remoções em massa do mangá assassination classroom
Relatos apontam uma onda preocupante de remoções do mangá Assassination Classroom nos EUA, superando 50 incidentes em um ano.
Uma tendência crescente de restrições ao conteúdo cultural tem gerado preocupação entre consumidores de mídia nos Estados Unidos. Investigação recente revelou que o mangá Assassination Classroom (Ansatsu Kyoushitsu), obra popular de autoria de Yusei Matsui, sofreu mais de 50 remoções ou proibições em estabelecimentos americanos ao longo de apenas um ano.
A série, que narra a história de uma turma de estudantes de ensino médio encarregada de assassinar seu professor, uma criatura superpoderosa com prazo de vida limitado, toca em temas sensíveis como violência, educação e a linha tênue entre o certo e o errado. A alta frequência de remoções sugere uma aplicação rigorosa, ou até mesmo uma escalada, de políticas de censura em diversos pontos de venda e bibliotecas nos EUA.
A normalização da restrição de conteúdo
O volume de incidentes em um período tão curto, envolvendo um título de grande circulação e aclamação crítica, levanta questões sobre a aceitação de limitações ao acesso a obras de ficção. Diferente de censura estatal formal, estas ações frequentemente se manifestam através de decisões locais, pressões de grupos de pais ou revisões internas de estoques de varejistas e sistemas de bibliotecas públicas.
A natureza do título Assassination Classroom, onde o ato de assassinato é o pilar central da trama pedagógica, o torna um alvo fácil para avaliações baseadas em conteúdo controverso. O foco narrativo, contudo, nunca foi a glorificação da violência, mas sim a dinâmica complexa de motivação, desafio e superação pessoal.
As implicações para o mercado de mangás
Quando um mangá com a penetração de mercado de Assassination Classroom é alvo de tantas intervenções, os reflexos podem ser sentidos em toda a cadeia de distribuição. Editoras e varejistas tornam-se mais cautelosos ao estocar ou exibir títulos com temas que possam ser interpretados fora de contexto.
Especialistas em liberdade de expressão frequentemente apontam que a remoção de livros baseada em controvérsia subjetiva pode levar a um efeito intimidador, onde outros materiais com temas semelhantes podem sofrer remoções preventivas. Isso afeta diretamente a diversidade disponível aos leitores, especialmente o público jovem que frequentemente se inicia no hobby através dessas obras.
A análise dos dados de remoção sugere que a definição de “inadequado” está se expandindo, englobando obras de ficção que simulam cenários extremos. É um indicativo de que a fronteira entre desaprovação pessoal e restrição de acesso público está se tornando cada vez mais tênue no cenário cultural americano contemporâneo, transformando obras populares em pontos focais de debates sobre o que a sociedade considera aceitável para consumo.