A polêmica da alteração visual em mangás ocidentais: O caso da remoção de cigarros pela viz media
Alterações em publicações de mangá para o mercado ocidental reacendem o debate sobre a adaptação cultural e censura.
A publicação de mangás no mercado internacional frequentemente envolve um processo de adaptação que vai além da tradução. Recentemente, uma alteração específica em uma edição publicada pela Viz Media chamou a atenção, gerando discussões sobre os limites da edição e o que constitui censura em obras como Naruto.
O ponto central da questão reside na remoção de um item de fumo presente em um painel específico da obra original. Enquanto na versão japonesa e em outras publicações internacionais, um personagem portava um cigarro, a edição da Viz optou por digitalmente apagar o objeto, deixando um espaço vazio que muitos leitores consideraram visualmente estranho e descontextualizado no quadro.
A prática de modificação visual
A Viz Media, conhecida por ser uma das maiores editoras de mangá nos Estados Unidos, já fez modificações em títulos populares no passado, muitas vezes visando adequar o conteúdo a faixas etárias mais jovens ou a sensibilidades culturais americanas, seguindo as diretrizes do mercado editorial local. No entanto, intervenções que alteram diretamente a arte original, em vez de apenas mudar diálogos ou referências culturais, costumam ser recebidas com ceticismo pelos fãs mais devotos.
A remoção de um cigarro, um elemento que pode ser interpretado como representação de maturidade ou rebeldia do personagem, levanta a questão sobre o quão longe uma editora deve ir para 'higienizar' o conteúdo. Especialistas em adaptação de mídia apontam que, historicamente, a indústria ocidental tem sido mais cautelosa com a representação de tabagismo em mídias voltadas para o público infanto-juvenil, utilizando a censura ou a remoção como um recurso para evitar associações negativas ou problemas de classificação indicativa.
Impacto na integridade artística
Para muitos admiradores de mangá e do trabalho do criador original, Masashi Kishimoto, a alteração compromete a fidelidade à visão planejada do artista. Quando um objeto é simplesmente retirado do desenho, o espaço físico que ele ocupava precisa ser preenchido, resultando frequentemente em um preenchimento que não harmoniza com o estilo de arte circundante, como notado no painel em questão.
Esta prática contrasta com a posição de algumas editoras europeias ou até mesmo edições digitais mais recentes que buscam preservar o máximo possível da arte original, focando em adicionar avisos de conteúdo apropriados em vez de alterar a imagem em si. O debate centraliza-se na dicotomia entre a preservação da integridade da obra de arte e a necessidade de navegação no complexo cenário das regulamentações de publicação e sensibilidade do público-alvo em diferentes territórios.
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Analista de Anime Japonês
Especialista em produção e elenco de animes e filmes japoneses originais. Possui vasta experiência em cobrir anúncios de elenco, equipe técnica e trilhas sonoras de produções de nicho, focando na precisão dos detalhes da indústria.