A conexão sonora entre death e a melancolia épica de 'berserk'

A experiência de consumo de mídias muitas vezes gera associações sincrônicas, especialmente quando se tratam de obras intensas. Uma conexão inusitada foi traçada entre o mangá de fantasia sombria Berserk, criado por Kentaro Miura, e o som do death metal progressivo da banda americana Death, notavelmente o álbum Symbolic.

Para alguns admiradores, a trilha sonora ideal para a saga de Guts não reside apenas em composições orquestrais, mas no peso e na complexidade sonora do metal extremo. A coincidência reside no fato de que a introdução a ambas as obras Berserk e ao death metal clássico pode ter ocorrido na mesma fase formativa de vida de um ouvinte, geralmente na pré-adolescência.

Paralelos líricos e temáticos

A banda Death, frequentemente citada como pioneira do gênero, possui letras que, quando analisadas à luz da narrativa visceral de Miura, parecem dialogar diretamente com os temas centrais de Berserk. O álbum Symbolic, em particular, é apontado por evocar sentimentos de introspecção, arrependimento e busca por redenção que definem a jornada do protagonista Guts.

Linhas de faixas como a que descreve o desejo de "reviver o dom de preciosas memórias" ecoam o isolamento e os traumas de Guts, que constantemente se volta para seu passado para entender seu presente. A ênfase lírica na "busca perene" por respostas na escuridão, buscando a luz, espelha a perseverança implacável do Espadachim Negro contra forças demoníacas e o destino cruel.

Além do conteúdo lírico, a própria sonoridade do death metal, com sua agressividade controlada e complexidade técnica, carrega um peso que ressoa com os tropos mais pesados de Berserk: o Mal, o sacrifício, a memória e a eterna luta contra a adversidade. O peso musical se torna uma metáfora sonora para a Banda do Elmo.

Um desejo por adaptação sonora

Esta convergência de temas leva alguns fãs a especularem sobre como seria uma adaptação audiovisual de Berserk que abraçasse explicitamente a estética do death metal. Enquanto muitas bandas de metal serviram de pano de fundo para leituras individuais, a obra de Chuck Schuldiner e sua banda oferecem uma tapeçaria sonora que parece quase intrínseca à obra de Miura.

A percepção de que a música serve como catalisador para a imersão é comum em muitas formas de arte, mas o vínculo entre o metal técnico e a escuridão filosófica de Berserk sugere uma sinergia poderosa entre gêneros musicais intensos e narrativas épicas complexas. As obras de metal, muitas vezes subestimadas em seu valor narrativo, encontram no mangá um contraponto perfeito.