A inevitabilidade do confronto final entre guts e griffith em berserk: A necessidade narrativa de um duelo épico
Apesar da disparidade de poder entre Guts e Griffith, a narrativa de Berserk exige um confronto final épico, independentemente do resultado.
As dinâmicas de poder estabelecidas no universo de Berserk frequentemente colocam Guts, o Espadachim Negro, em desvantagem monumental contra Griffith, agora uma entidade quase divina. Análises sobre um combate direto entre os dois costumam concluir que a força humana de Guts, por mais aprimorada que seja, é insuficiente contra um ser capaz de manipular a própria realidade, como o Falcão da Escuridão.
Este cenário de desequilíbrio é amplamente aceito. Contudo, a discussão transcende a simples viabilidade tática de uma vitória de Guts. O cerne da questão reside na necessidade estrutural e emocional que um combate final entre os dois protagonistas representa para a saga, criada por Kentaro Miura.
A Desvantagem Cosmica versus a Exigência Dramática
Griffith ascendeu a um patamar de existência que o distancia da luta física convencional. Ele não é apenas um espadachim habilidoso, mas uma manifestação de desejo e destino, possuindo poderes que ultrapassam os limites mortais. Em contraste, Guts, embora agraciado com força sobre-humana e impulsionado pela fúria incessante, permanece fundamentalmente humano. A lógica sugere que um confronto direto resultaria em aniquilação rápida do protagonista da Espada Matadora de Dragões.
Entretanto, a trajetória da obra parece apontar insistentemente para a inevitabilidade deste encontro. O caminho trilhado por Guts, marcado por sacrifícios monumentais e pela resistência obstinada contra forces mais elevadas, culmina naturalmente em seu antagonista primordial. Negligenciar este duelo seria, para muitos observadores da história, um desfecho anti-climático.
O Direito Narrativo de Guts
Mesmo que o desfecho seja uma derrota amarga para Guts, a execução desta batalha é crucial. O personagem, que passou a maior parte de sua vida lutando para sobreviver, proteger Casca e reprimir a marca do sacrifício, merece a oportunidade de encarar diretamente aquilo que tirou tudo dele. É mais do que uma questão de vingança; é sobre fechar o ciclo estabelecido pelo Eclipse.
As motivações para este confronto podem variar no final da narrativa. Seria para resgatar a mente de Casca, impedindo que ela seja permanentemente ligada ao novo reino de Griffith, ou simplesmente o reconhecimento de que não há mais como coexistir naquele mundo. Independentemente do catalisador, a expectativa é que o escritor, Kouji Mori, honre o desenvolvimento das décadas de sofrimento e evolução dos personagens.
Apesar de não se prever uma superação convencional das capacidades celestiais de Griffith, a importância do duelo reside na catarse que ele proporcionará ao arco de Guts. A épica jornada do espadachim negro clama por esse acerto de contas final, validando a dor e a resistência que definiram sua existência até o momento. A ausência deste combate final significaria uma quebra profunda na promessa dramática feita ao público de Berserk.
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Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.