A controvérsia sobre a introdução da personagem kaguya em naruto shippuden
A aparição súbita de Kaguya Otsutsuki no grande final de Naruto Shippuden gerou debates intensos sobre planejamento narrativo.
A revelação de Kaguya Otsutsuki como a antagonista final da saga Naruto Shippuden, substituindo Madara Uchiha no clímax da Quarta Guerra Mundial Shinobi, permanece um dos pontos mais polarizadores da obra de Masashi Kishimoto. O surgimento da figura ancestral, mãe do chakra, foi abrupto e alterou drasticamente a estrutura de poder apresentada até então, levantando questionamentos sobre o desenvolvimento da trama.
Muitos espectadores e leitores sentiram que Kaguya, descrita como a progenitora de todo o ninjutsu, surgiu sem a devida preparação narrativa. Até aquele ponto, o foco estava concentrado em reviver a Jūbi e decifrar o plano de Madara e Obito Uchiha. A transição para um conflito cósmico, envolvendo uma entidade alienígena com poderes inimagináveis, contrastou fortemente com o tom das sagas anteriores, que priorizavam conflitos territoriais ou ideológicos entre nações e clãs.
A quebra da escalada de poder
A construção gradual do poder no universo Naruto sempre foi notável, com cada vilão superando o anterior em força e complexidade. De Orochimaru a Pain, e depois a Tobi/Obito e Madara, havia uma linha de progressão compreensível para os leitores. A introdução de Kaguya, no entanto, estabeleceu um patamar de poder quase inalcançável, remetendo a mitologias muito mais amplas, como a da linhagem Otsutsuki, que necessitou de expansão rápida através de detalhes adicionais, incluindo a história de Hagoromo e Hamura.
A crítica principal reside no que é percebido como um retcon, ou seja, uma alteração retroativa da história preexistente para justificar um novo inimigo. Se Kaguya era a fonte primordial de todo o poder, a necessidade de ter construído a narrativa em torno de Akatsuki, com seus objetivos distintos de controle mundial ou busca pela imortalidade, pareceu diminuída diante da ameaça real e definitiva.
Argumentos a favor da visão de Kishimoto
Por outro lado, alguns analistas defendem que as sementes para a existência de Kaguya já estavam presentes no enredo, ainda que de forma sutil. O conceito do Juubi, a Besta de Dez Caudas, já representava uma força da natureza quase divina, e sua origem sempre esteve envolta em mistério. A revelação de que ela era a força controladora por trás da Besta, e não apenas uma criatura selada, oferece uma explicação completa para a origem do chakra no mundo Shinobi, ligando a mitologia ninja a uma escala galáctica.
A necessidade de um adversário que forçasse a união absoluta entre os protagonistas, Naruto Uzumaki e Sasuke Uchiha, é frequentemente citada como a justificativa prática para a escala de poder apresentada. Somente uma ameaça de nível divino poderia cimentar a paz entre os herdeiros de Ashura e Indra Otsutsuki, garantindo que as futuras gerações não repetissem os mesmos erros de conflito baseados em linhagens e poder. Assim, a introdução, embora tardia, cumpriu o papel de encerrar ciclos de ódio, propondo uma paz baseada na eliminação da raiz dos problemas ancestrais, como explorado em detalhes no final da saga.
Analista de Anime Japonês
Especialista em produção e elenco de animes e filmes japoneses originais. Possui vasta experiência em cobrir anúncios de elenco, equipe técnica e trilhas sonoras de produções de nicho, focando na precisão dos detalhes da indústria.