Análise crítica aponta falhas narrativas no desenvolvimento recente de personagem em one punch man

A narrativa do aclamado mangá One Punch Man, criado por ONE, tem sido objeto de análise intensa após uma revelação específica envolvendo o personagem Kuseno, o cientista que transformou Genos em ciborgue. A decisão de transformar Kuseno em uma figura de pura malevolência tem sido apontada por observadores da obra como um ponto baixo no desenvolvimento de roteiro recente do autor.

A crítica central não recai sobre a capacidade de ONE como roteirista, visto o apreço geral por seu trabalho anterior, como em Mob Psycho 100, elogiado por sua construção brilhante de personagens complexos. No entanto, a mudança na direção de Kuseno é vista como um retrocesso que simplifica demais sua potencial profundidade, transformando-o em uma figura unidimensional de maldade.

O problema da simplificação do personagem

O argumento sustentado é que tornar Kuseno um vilão explicitamente maligno desperdiça a oportunidade de explorar uma nuance mais interessante. Muitos defendem que um cenário onde as ações dele fossem resultado de complexas circunstâncias ou mal-entendidos por parte de outros personagens, como Bofoi, teria adicionado uma camada de cinza moral mais rica à trama.

A confirmação da vilania, apoiada por evidências como o hacking, embora choque superficialmente, fracassa em ressoar emocionalmente com o público. A razão apontada é a falta de tempo de tela e desenvolvimento prévio de Kuseno. Até o momento da revelação, ele era majoritariamente percebido como um cientista benevolente, fundamental para a jornada de Genos.

Comparação com arquétipos de vilões

A subtileza que funcionou para desenvolvimentos anteriores, como a revelação de vilões mais proeminentes em obras similares, não se aplicaria bem a Kuseno. É feita uma comparação implícita com grandes antagonistas de contos shonen, onde a revelação de traição só é impactante se o personagem tiver um histórico substancial e um papel crucial estabelecido. No caso de Kuseno, a falta desse histórico faz com que a mudança de percepção seja mínima, pois não havia muito a ser percebido além da imagem de mentor amistoso.

Além disso, a virada é descrita como altamente previsível. A expectativa é que autores com a reputação de ONE evitem o caminho mais óbvio. Há, contudo, a esperança tênue de que o autor possa retroceder ou adicionar camadas subsequentes para justificar essa escolha drástica, embora o estilo de escrita de ONE, que frequentemente define elementos importantes de forma definitiva desde o início, como a questão dos limitadores de poder, sugira que essa direção narrativa será mantida.

A discussão foca, portanto, menos no que a nova trama adiciona à história de One Punch Man e mais no que ela subtrai do potencial do arco de Kuseno, perdendo uma chance de explorar a ambiguidade moral no seu universo.