A dualidade de kibutsuji muzan: A busca pela cura anula a maldade inerente do vilão de demon slayer?
A motivação central de Muzan em Kimetsu no Yaiba levanta um debate profundo sobre sua essência: ele é puramente mau ou sua jornada espelha um lado vulnerável?
Um dos antagonistas centrais do universo de Kimetsu no Yaiba, Kibutsuji Muzan, transcende a figura clássica do vilão sedento por poder. A complexidade de sua existência, intrinsecamente ligada à sua busca pela perfeição biológica e imortalidade, provoca uma reavaliação sobre a natureza de sua maldade.
A maldade de Muzan é inegável sob a ótica de suas ações. Ele é o progenitor de todos os demônios e responsável por incontáveis atrocidades, incluindo o massacre de famílias inteiras e a transformação forçada de seres humanos em monstros. No entanto, ao analisar o motor primário de sua tirania, surge uma perspectiva alternativa: a sua obsessão em encontrar a misteriosa Flor de Wistera Azul, que teoricamente mitigaria sua fraqueza ao sol.
A busca pela perfeição biológica como motor de tirania
A premissa é que, se Muzan tivesse obtido a cura completa e duradoura para sua vulnerabilidade - o que significaria viver pacificamente sem temer a luz do dia -, todo o seu esquema maligno, que envolve a criação de Luas Superiores e o extermínio da Tropa Hashira, cessaria instantaneamente. Isso sugere que a caça à flor não é apenas mais um desejo, mas sim a razão de ser de sua existência demoníaca.
Se a fonte de seu sofrimento e sua necessidade de domínio sobre a humanidade fossem eliminadas pela ciência da natureza - a flor -, Muzan estaria livre de sua principal maldição. Ele poderia simplesmente seguir adiante, talvez vivendo uma existência reclusa, mas sem a necessidade ativa de perpetuar o ciclo de terror.
Muzan: O vilão reativo ou inerentemente cruel?
A questão central reside em definir se ele adotaria a estratégia de transformar toda a humanidade em demônios mesmo após a cura, ou se essa ambição era puramente uma consequência da sua condição de ser incompleto. O desejo de Muzan de “transformar todos em demônios” parece ser uma solução radical para garantir sua sobrevivência em um mundo hostil a entidades como ele, e não necessariamente uma missão sádica sem propósito.
Para muitos estudiosos da obra de Koyoharu Gotouge, a verdadeira tragédia de Muzan é o seu desespero. Ele não busca dominação por prazer ególatra, como muitos outros vilões fictícios; ele busca a anulação da dor e da sua mortalidade imperfeita, uma dor que começou ainda em sua forma humana, conforme revelado em flashbacks.
A narrativa do mestre dos demônios se torna, assim, um profundo comentário sobre como o medo da finitude e do sofrimento pode corromper um indivíduo a ponto de torná-lo a personificação do mal. Se a cura fosse garantida, a motivação para a guerra contra os caçadores de demônios simplesmente desapareceria, transformando o ser mais temido do Japão feudal em um sobrevivente recluso, embora seus pecados passados permanecessem.