A ética do 'três' via jutsu: Quando clones das sombras entram em cenários românticos
A existência de clones artificiais em obras de fantasia levanta dilemas morais complexos sobre consentimento e identidade em relações íntimas.
A complexidade da identidade e das relações interpessoais ganha uma dimensão fantástica quando observamos as implicações morais de habilidades sobrenaturais, como a técnica de Clones das Sombras, popularizada no universo de Naruto. Um questionamento intrigante surge quando se extrapola o uso dessa técnica para o âmbito da vida íntima: uma pessoa poderia tecnicamente incluir sua cópia gerada por chakra em um encontro romântico a três, e isso configuraria infidelidade?
Este cenário, que à primeira vista parece cômico ou puramente especulativo, toca em pontos cruciais sobre a natureza da consciência e do consentimento. Um clone das sombras, embora dependente de sua fonte original para existir, manifesta uma forma de consciência temporária. Ele pode interagir fisicamente com o ambiente e até mesmo ter percepções sensoriais, embora compartilhe sua memória e chakra com o criador.
A delimitação entre o eu e a projeção
Para analisar a questão se seria ou não uma traição, é necessário definir o que realmente constitui o eu. Se considerarmos que o clone é uma extensão autônoma, embora temporária, da vontade do indivíduo original, a participação dele em um ato íntimo com um terceiro, enquanto o original está presente, cria uma zona cinzenta. Não se trata de um terceiro independente, mas sim de uma manifestação física do parceiro principal.
Em contextos de relacionamentos abertos ou poliamorosos, o foco está quase sempre no consentimento mútuo e na integridade das partes envolvidas. Um clone, contudo, possui a identidade do parceiro, mas não necessariamente a sua totalidade emocional ou a sua memória futura pós-desaparecimento. O parceiro humano estaria, naquela interação, se multiplicando fisicamente, mas a troca emocional seria compartilhada de forma dividida.
Alguns argumentam que, se a intenção é explorar a dinâmica de um trio, a presença do clone seria apenas uma ferramenta para facilitar essa experiência, não envolvendo uma terceira pessoa genuína. Seria análogo a um sonho lúcido onde as ações corporais são executadas, mas sem a alma ou a consciência plena do parceiro.
O fator da autonomia e memória compartilhada
A natureza da técnica exige que todo o conhecimento adquirido pelo clone retorne ao usuário original após a dissipação. Isso significa que o parceiro original absorveria as experiências sensoriais e emocionais vividas pelo clone. Se essa absorção de memória é garantida, a auspicie (a experiência) é, em última instância, totalmente assimilada pela pessoa que está no relacionamento.
Portanto, a discussão migra de uma questão de quem está participando para uma questão de o que está sendo compartilhado. Se um casal concorda com experiências físicas específicas, a manifestação corporal via jutsu poderia ser vista como uma extensão da vontade do parceiro, não uma violação dos limites estabelecidos. A chave reside, invariavelmente, na comunicação prévia e na aceitação mútua das regras que regem um relacionamento, mesmo quando elas envolvem a manipulação da realidade física através de chakra e técnicas ninja.