Fã propõe final alternativo inusitado e agridoce para o mangá berserk

O universo sombrio e complexo de Berserk, a obra-prima de Kentaro Miura, frequentemente gera especulações intensas sobre como a jornada épica de Guts, a Companhia do Falcão e Griffith deveria terminar. Recentemente, uma abordagem completamente inesperada ganhou atenção, propondo um desfecho que subverte toda a tragédia estabelecida após o Eclipse.

Essa proposta de final, criada por um admirador da série, explora um cenário onde o sacrifício de Griffith nunca se concretiza. A premissa central é que todo o sofrimento e as transformações ocorridas após o fatídico Eclipse seriam, na verdade, manifestações da imaginação de Griffith, desencadeadas pela possibilidade de aceitar o sacrifício.

A negação do sacrifício e o retorno à luz

Nesta versão imaginada, Griffith renega a oferta da Mão de Deus, proferindo a frase decisiva: "Eu não me sacrifico". Esse ato de resistência mental ou espiritual reverteria instantaneamente a realidade caótica para um estado anterior. O resultado seria um retorno à terra natal pacífica, com um Griffith restaurado à sua saúde física, livre da forma de Femto.

O contraste com a narrativa canônica, que mergulha em temas de destino, vingança e horror cósmico, é chocante. A cena final sugerida é radicalmente alegre: os personagens estariam reunidos em uma festa dançante, celebrando a salvação mútua. Há até um diálogo proposto entre Guts e Griffith, onde Guts, aliviado, diria algo como: "Sabe, fico feliz que você não tenha nos sacrificado, ou eu teria enlouquecido berserk em cima de você".

O clímax dessa fantasia de desfecho seria selado com uma nota de humor leve, com Guts declarando um icônico "É isso, pessoal!" (That's all folks!), reminiscência dos desenhos animados clássicos. O painel final, em um rompante de simplicidade minimalista, seria apenas preto, com a palavra FIN centralizada.

Um contraponto à filosofia de Kentaro Miura

Embora seja uma fantasia pessoal, essa linha narrativa serve como um poderoso exercício de imaginação para os leitores de Berserk. A obra original, profundamente influenciada pelo pessimismo filosófico e pela brutalidade da Idade Média, raramente oferece alívio duradouro. O mangá explora a natureza da ambição desenfreada e as consequências destrutivas das escolhas feitas sob pressão extrema.

Ao propor este final feliz, o fã reverte a premissa de que a tragédia é inescapável. É uma visão que abraça a possibilidade da graça e da redenção sem custos catastróficos, algo que a jornada de Guts, marcada pela Lâmina do Matador e pelo Selo do Sacrifício, nunca permitiu plenamente. A complexidade dos temas explorados por Miura torna qualquer final alternativo, por mais incongruente que pareça, um valioso exercício em reinterpretar o significado da amizade, da traição e da sobrevivência em um mundo cruel. A obra continua a ser um marco do mangá seinen, e essas propostas de encerramento apenas sublinham o profundo impacto emocional que a história ainda exerce sobre seu público.