Análise aponta que a força excessiva das luas superiores pode ter apressado o ritmo de desenvolvimento de "demon slayer"

A escalada de poder dos antagonistas mais fortes da obra gerou debates sobre o balanço narrativo e a introdução de habilidades repentinas.

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Analista de Mangá Shounen

30/10/2025 às 10:05

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Análise aponta que a força excessiva das luas superiores pode ter apressado o ritmo de desenvolvimento de "demon slayer"

Uma análise aprofundada sobre o desenvolvimento narrativo da obra Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba sugere que a extrema força estabelecida para as Luas Superiores pode ter forçado um ritmo acelerado na história, impactando a coesão do enredo em seus arcos finais.

O ponto central da discussão reside na percepção de que os antagonistas de elite, como as Luas Superiores e, finalmente, Muzan, se tornaram onipotentes a um nível que exigiu do autor, Koyoharu Gotouge, a criação de novos e repentinos aprimoramentos de poder para os Caçadores de Demônios, como a Marca do Caçador e a habilidade do Mundo Transparente (See Through World).

A necessidade de power-ups imediatos

Arcos importantes, como o do Treinamento Hashira e, principalmente, o da Vila dos Ferreiros, são vistos como reações à escala de ameaça estabelecida. Após o surgimento da Marca do Caçador, que demonstrou ser capaz de igualar o poder dos inimigos de nível médio, o nível de combate contra as Luas restantes parecia instável. O autor, pressionado pelas restrições típicas de publicação em revistas de mangá, teria implementado o Mundo Transparente como uma solução imediata para tornar a luta contra os três principais demônios e Muzan simultaneamente viável.

A introdução do Mundo Transparente, em especial, é questionada por sua aparente falta de preparação prévia clara. Embora certas habilidades únicas dos protagonistas fossem sugeridas, a maneira como Tanjiro precisou manifestar essa nova percepção sensorial durante o combate contra Akaza é citada como evidência de que o conceito foi desenvolvido no calor do momento para nivelar o campo de batalha.

O caso de Muichiro Tokito e a escalada de Kokushibo

A disparidade de poder fica mais evidente na forma como os personagens são introduzidos e rapidamente superados. No Arco da Vila dos Ferreiros, Muichiro Tokito, após despertar a Marca, evoluiu de uma situação de desvantagem para derrotar Gyokko, um feito que, teoricamente, o colocaria em um patamar de luta competitiva contra as Luas Superiores. Contudo, essa evolução foi imediatamente obliterada pela força avassaladora de Kokushibo.

A crítica aponta que, se o intuito dos novos aprimoramentos era equilibrar os Caçadores para o confronto final, a introdução de um inimigo tão superior logo em seguida, como Kokushibo, mitigou o impacto desses ganhos narrativos. Isso sugere que o esforço despendido para conceder novas forças aos heróis foi rapidamente anulado pela necessidade de introduzir um obstáculo ainda maior.

Desperdício de potencial em lutas cruciais

O combate contra Douma, a Lua Superior número dois, também é visto sob uma luz crítica. Acompanhando uma construção que remetia a flashbacks estabelecidos desde a primeira temporada do anime, esperava-se uma batalha épica. No entanto, a resolução do confronto foi apressada, ocorrendo em menos de sete capítulos, com Douma exibindo um repertório de movimentos menor do que o demonstrado por Akaza no Arco do Trem Infinito.

Essa dinâmica sugere que os desenvolvedores narrativos se viram numa encruzilhada: ou sobrecarregavam os protagonistas com danos excessivos para vencerem Douma, ou os eliminavam rapidamente para preservar os recursos dos heróis para o confronto final contra Muzan. A maneira como múltiplos Caçadores precisaram se aliar contra Kokushibo, enquanto a luta contra Douma pareceu um descarte rápido, reforça a tese do desbalanceamento causado pela força inicial imposta às Luas Superiores.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.