A introdução do haki questiona a motivação inicial de kuina em one piece
A natureza do Haki, que anula a superioridade física baseada em sexo, levanta dúvidas sobre o diálogo central da trajetória de Kuina.
A evolução da narrativa em One Piece, especialmente com a consolidação do sistema de Haki, reacende um debate antigo sobre a validade do conflito inicial de Roronoa Zoro e a personagem Kuina. O treinamento de Zoro, centrado no sonho de superar a força de Kuina e honrar uma promessa feita na infância, parece perder parte de sua fundamentação lógica após a introdução sistemática de uma força que transcende barreiras biológicas.
A negação da força inerente baseada em gênero
Um dos pilares da história de Kuina é a crença expressa por seu pai, Isshin, de que, independentemente de seu talento, ela jamais seria capaz de se tornar a maior espadachim enquanto fosse mulher. Essa afirmação, central para o desenvolvimento da rivalidade e, posteriormente, da motivação de Zoro, baseia-se na premissa de que a força física inerente ao corpo masculino, em um mundo sem os poderes especiais revelados posteriormente, seria um diferencial intransponível.
No entanto, o poder do Haki, particularmente o Haoshoku Haki (Rei dos Reis) e o Busoshoku Haki (Armamento), permite que usuários infundam suas armas ou corpos com uma força espiritual avassaladora. Esta técnica anula defesas físicas e confere ao usuário a capacidade de causar danos significativos independentemente do tamanho ou da constituição física do oponente.
O paradoxo do conhecimento de Isshin
A situação se torna ainda mais complexa quando se considera que o pai de Kuina, Isshin, demonstrou conhecimento e uso de técnicas superiores, possivelmente relacionadas ao Haki, já que a linhagem familiar remonta a Wano, um país intrinsecamente ligado a estas artes marciais. Se Isshin já dominava ou entendia um conceito que equipara as forças físicas, o veto categórico à ambição de Kuina soa contraditório.
Argumenta-se que, dada a capacidade de manifestar Haki, uma pessoa tecnicamente forte o suficiente pode superar indivíduos fisicamente imponentes, como os tritões já enfrentados por Zoro, mesmo que estes tenham uma vantagem biológica natural. O Haki oferece um caminho claro para superar a disparidade física de gênero sem depender de uma limitação externa ao mundo de One Piece.
O Haki como nivelador de poder
O desenvolvimento da trama mostrou repetidamente que o domínio do Haki é o que separa os grandes guerreiros dos combatentes comuns no Novo Mundo. Com esta ferramenta nas mãos, a limitação imposta por gênero se torna obsoleta no contexto de definir quem pode ser o portador da espada suprema. A narrativa sugere que a verdadeira barreira para Kuina não era a força potencial, mas a crença arraigada em seu entorno e, talvez, em si mesma, baseada em um conceito de poder que o próprio mundo da obra se encarregou de desconstruir mais tarde.
A introdução dessas habilidades divinas ou espirituais força uma reavaliação do cenário inicial de Zoro e Kuina, onde a força bruta e as capacidades puramente físicas eram o critério principal para medir o potencial de um espadachim. Agora, a jornada de Zoro, guiada por uma promessa feita sob premissas limitadas, ganha uma camada de complexidade interpretativa à luz das verdadeiras regras de combate estabelecidas na saga.