A imersão visual no mundo de demon slayer: Por que a 'realidade' das técnicas de respiração intensifica a experiência

A franquia Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba é célebre por sua animação de altíssima qualidade, especialmente quando os personagens empunham suas espadas e ativam os Estilos de Respiração. Uma perspectiva interessante sobre a fruição da série foca na crença de que os efeitos visuais dessas técnicas, como as chamas ou o gelo que acompanham os golpes, são manifestações físicas e tangíveis dentro daquele universo.

Para uma parcela significativa da audiência, a experiência de assistir às batalhas é amplificada ao considerar que as visualizações espetaculares, como o Rito dos Nove Dragões ou as formas da Água, são efeitos visíveis para todos os personagens no cenário, não apenas representações subjetivas criadas pela direção artística para o espectador.

A quebra de perspectiva na narrativa

A revelação de que as manifestações visuais poderosas de técnicas como a Respiração do Sol ou a Respiração do Trovão não são explicitamente vistas por todos os habitantes do mundo da série, mas sim uma forma de estilização para o público, pode levar a um reajuste na apreciação da obra. Quando vistas como meras técnicas aprimoradas de esgrima, com uma aura estética adicionada, o impacto narrativo é um, mas quando tratadas como projeções de poder real, o peso das habilidades dos Caçadores de Demônios se torna muito maior.

Essa interpretação de efeitos visuais como fatos consumados dentro da diegese transforma a ação em algo mais próximo da magia pura, distanciando-se um pouco do conceito de artes marciais sobre-humanas. Isso afeta a maneira como se mensura o poder dos protagonistas, Tanjiro Kamado, Zenitsu Agatsuma e Inosuke Hashibira, contra as Luas Superiores.

A excelência da animação do estúdio Ufotable reside justamente em sua capacidade de tornar essas representações tão vibrantes e dinâmicas que a linha entre o que é visualmente expresso para a câmera e o que é percebido pelos personagens se torna turva. A intensidade das cores e a fluidez dos movimentos são tão convincentes que um espectador pode facilmente assumir que as ondulações de água ou as nuvens de neve são elementos ambientais criados ou manipulados pelos usuários das respirações.

Essa suspensão da descrença baseada na magnitude dos visuais é um testemunho do trabalho artístico da produção televisiva, que consegue imergir o espectador em um mundo onde o combate transcende meramente o aço e a agilidade, incorporando elementos quase míticos, mesmo que estes sejam, em última análise, amplificações visuais da maestria com a espada.