A jornada imersiva na leitura de berserk: Um leitor relata impacto pessoal e conexão com a obra de kentaro miura
Um novo fã de Berserk detalha sua experiência inicial com o mangá, da descoberta via Dark Souls ao choque do Eclipse.
A obra icônica de Kentaro Miura, Berserk, continua a cativar leitores ao redor do mundo, gerando profundas ressonâncias emocionais e intelectuais. Um leitor que iniciou sua jornada recentemente, impactado inicialmente pela estética sombria e complexa de jogos como Dark Souls, compartilhou seu processo de leitura, que culminou em uma transformação perceptiva sobre a própria vida e a arte narrativa.
A porta de entrada para este universo de fantasia sombria foi a série animada de 1997, servindo como um catalisador que o impulsionou a buscar os volumes originais. O relato aponta o desafio logístico de encontrar todas as edições no México, mas a persistência valeu a pena, iniciando a leitura ainda no início deste ano.
As Primeiras Impressões de Guts e a Arquitetura Moral da Obra
A impressão inicial sobre Guts, visto nos primeiros tomos, era a de um personagem excessivamente arrogante, movido primariamente pela vingança e despido de compaixão. Contudo, o desenvolvimento rápido da narrativa subverteu essa percepção. O arco inicial, especialmente com a introdução do Conde, revelou que Berserk não se limitava à dicotomia tradicional entre heróis e vilões. Miura apresentou um mundo onde as ações são regidas por necessidades intrínsecas, caprichos e, crucialmente, a causalidade, um conceito filosófico central na obra.
O leitor descreve o arco do Espadachín Negro como sublime e impactante, gerando uma ânsia imediata por saber o que viria a seguir. É notável o fato de que, para este admirador, Berserk se tornou o primeiro mangá consumido integralmente, marcando uma mudança no seu consumo de mídia, já que geralmente se afastava de produções animadas.
A Profundidade da Era de Ouro e o Peso Emocional
A transição para o arco da Era de Ouro, iniciado por volta de maio, trouxe uma mudança no ritmo que, embora inicialmente estranha, foi reconhecida como essencial. Este extenso *flashback* de cerca de doze volumes foi fundamental para justificar a natureza visceral e implacável de Guts observada nos capítulos iniciais. Acompanhar a ascensão e os laços estabelecidos com a Banda do Falcão, especialmente com personagens como Gastón e Judeau, estabeleceu um forte apego emocional.
Este período da leitura coincidiu com eventos pessoais difíceis, criando uma sobreposição de sentimentos. Um painel específico da obra tornou-se um ponto de reflexão pessoal, espelhando o sentimento de Guts ao partir sem rumo, um estado de desesperança e falta de propósito com o qual o leitor se identificou profundamente, revelando o poder da narrativa em transcender a ficção.
A expectativa e o nervosismo sobre o destino dos membros da Banda do Falcão durante o clímax da Era de Ouro foram intensos, mesmo tendo algum conhecimento prévio devido à série de 1997. O terror provocado por antagonistas como Wyald, um personagem desenvolvido para ser odiado, ressalta a maestria de Miura em criar figuras repulsivas. O Eclipse, ponto central deste arco, causou um impacto duradouro: a violação de Casca, vista como um momento de vulnerabilidade extrema, e a queda dos personagens nos quais o leitor havia investido emocionalmente, forçaram uma pausa na leitura em julho.
Reflexões Pós-Eclipse e a Natureza da Vítima-Agente
Retornando à leitura com a aquisição dos tomos subsequentes, novas complexidades morais surgiram. A empatia, surpreendentemente, foi estendida a Rosine, um dos apóstolos. O leitor pondera que muitos personagens são, em essência, vítimas das circunstâncias cruéis daquele mundo. O arco dos Crianças Perdidas, especialmente, trouxe temas de uma crueza chocante, como a perversidade de Donovan e o impacto do mundo adulto sobre a inocência, exemplificado pela tragédia de Rosine, vista como uma criança vitimizada que se torna uma agente de trauma.
A experiência com Berserk tem sido tão intensa que influenciou a vida acadêmica do leitor, inspirando uma análise universitária sobre a obra e sua relação com o romanticismo gótico. A tristeza pela ausência de Kentaro Miura é palpável, mas a motivação para acompanhar o desfecho da saga permanece forte. A dedicação da comunidade em aguardar o final, apesar das longas esperas, finalmente se torna compreensível.
A antecipação agora é pela continuação, com a esperança expressa de que Guts e Casca encontrem a felicidade. Esta obra monumental se estabeleceu como um eixo de significado e motivação para este novo leitor, sublinhando o legado duradouro do falecido mestre do mangá.