A motivação de griffith ao levar casca para seu reino é mais complexa do que apenas conveniência temporal
Questionamentos surgem sobre a decisão de Griffith de esperar a recuperação de Casca em vez de aproveitá-la em estado infantil.
A saga de Berserk, obra-prima de Kentaro Miura, continua a gerar profundas análises narrativas, especialmente em relação aos atos mais controversos de Griffith após sua ascensão como Femto. Um ponto central de debate envolve o momento em que ele decide levar Casca para seu reino, após o Eclipse.
Teorias populares sugerem que a ação de transportar Casca, já em estado catatônico e infantilizado, para o castelo de Falconia tinha o propósito primário de evitar gastos desnecessários de tempo durante sua transformação periódica na lua cheia - o período em que ele se manifestava como seu filho, Fenris.
O dilema da vulnerabilidade
Contudo, uma linha de raciocínio investigativa aponta falhas nessa lógica simplista. Se o objetivo fosse apenas a conveniência logística relacionada à transformação lunar, por que Griffith não teria mantido Casca sob sua custódia enquanto ela estava completamente insana e desorientada? Durante esse período de total irracionalidade, ela seria incapaz de reconhecer seu captor, resistir ou compreender a situação em que se encontrava. A ausência de lucidez tornaria a obediência imposta muito mais fácil de manter.
A perspectiva sugere que, ao esperar que Casca recuperasse parte de sua sanidade, Griffith estava, paradoxalmente, investindo em um resultado mais controlado a longo prazo. Manter uma pessoa em estado infantil permanente, embora simples no curto prazo, não atende a um propósito maior que a entidade Femto possa ter.
A necessidade de consciência
A decisão de permitir que Casca recuperasse a consciência, mesmo parcial, e retorne ao seu reino ao lado dele, indica que a presença de Casca em Falconia não era apenas para servir como um objeto inerte durante a noite de lua cheia. Havia um valor intrínseco em sua proximidade que exigia algum nível de reconhecimento espacial por parte dela, mesmo que esse reconhecimento fosse carregado de dor e confusão.
Este cenário lança luz sobre a complexidade psicológica de Griffith, que, mesmo como uma entidade demoníaca, parece valorizar a narrativa ou a ilusão de um lar estabelecido, onde os elementos de seu passado traumático são domesticados e mantidos sob sua soberania. A presença de Casca de forma passiva, mas consciente de sua localização, reforça seu poder sobre o mundo que ele forjou, transcendendo a mera necessidade biológica de sua transformação.
A espera pela recuperação da mente de Casca, portanto, sugere que a intenção era mais profunda do que apenas evitar a inconveniência de um ciclo menstrual cósmico, apontando para uma necessidade de validação de seu domínio sobre aqueles que um dia foram seus companheiros mais próximos. A complexidade do personagem de Griffith no mangá reforça a ideia de que suas ações raramente são motivadas por um único fator simples.