A natureza da memória em criaturas transformadas: A questão da identidade felina de pitou
A transformação em Guardas Reais, como Pitou, levanta questões profundas sobre a retenção ou perda de memórias prévias, especialmente a existência animal.
Um ponto fascinante na complexa biologia de Hunter x Hunter reside na natureza da memória das criaturas transformadas, um tema que ganha contornos específicos ao analisar os Guardas Reais como Neferpitou.
Enquanto a narrativa estabelece claramente que os Agentes da Formiga Quimera que se originaram de seres humanos podem recuperar suas memórias humanoides a posteriori, o caso dos exemplares criados a partir de animais selvagens parece ser diferente. Exemplos como Colt, que desenvolveu um forte laço fraternal com Kite em um momento de confusão cognitiva, ou Meleoron, com sua notável capacidade de mimetismo social, ilustram a fusão, por vezes incompleta, de instintos e resquícios de vida anterior.
A divergência na linhagem dos Guardas Reais
Os Guardas Reais, no entanto, apresentam uma singularidade conceitual. Diferentemente de outros membros da colmeia que tiveram um ponto de origem reconhecidamente humano, Pitou, Youpi e Pouf vieram de animais que não possuíam memórias humanas prévias para serem resgatadas. Isso direciona a investigação para um nível mais primário de identidade: a criatura animal da qual se originaram.
A persistência de traços comportamentais nos Guardas sugere que, embora a transformação pela soberania do Rei Meruem seja absoluta em essência, restos de seu ser anterior podem persistir de maneiras sutis ou explícitas. No caso específico de Neferpitou, a análise de suas interações, particularmente durante o confronto devastador com Gon Freecss, sugere uma resposta afirmativa a essa questão fundamental.
O instinto felino e a analogia da mãe gata
Durante a batalha crucial, a forma como Pitou se comportou e se referiu a si mesma evocou uma forte comparação com um felino materno. Este arcabouço comportamental, que muitas vezes transcende a pura estratégia militar, aponta para a possibilidade de que Pitou retém lembranças ou, no mínimo, instintos enraizados de sua vida anterior como um gato comum. A mente que administra o Royal Guard, embora imensamente poderosa e leal ao Rei, pode estar operando sob camadas de consciência.
Se a memória não é necessariamente a de um ser humano, mas sim a de um animal, isso redefine o grau de sacrifício e transformação que implica tornar-se um Comandante da Formiga Quimera. A lembrança de ser simplesmente um animal que foi consumido e reimaginado como um ser de poder transcendental adiciona uma camada trágica à sua existência, elevando o estudo das transformações de criaturas no universo de Yoshihiro Togashi para além da mera evolução de poder, focando na essência da identidade perdida e remanescente.
Fã de One Piece
Entusiasta dedicado da franquia One Piece com foco em análise de conteúdo e apreciação de comédia e desenvolvimento de personagens. Experiência em fóruns especializados e discussões temáticas sobre o mangá/anime.