Nova teoria sugere que o behelit em berserk pertence a puck, não a guts

Uma interpretação emergente das complexas narrativas de Berserk desafia a compreensão estabelecida sobre o Behelit, o catalisador para o Eclipse e a ascensão da Mão de Deus. Enquanto a jornada de Guts é a espinha dorsal da obra, argumentos recentes sugerem que o artefato amaldiçoado, que invariavelmente encontra aqueles ligados ao ciclo do destino, poderia estar objetivamente ligado não ao Espadachim Negro, mas sim ao seu companheiro élfico, Puck.

O pilar central dessa especulação reside na posição singular de Guts dentro da causalidade. Membros da Mão de Deus, no material inicial (como demonstrado no Chapter 0), reconhecem a força de Guts, mas enfatizam que ele não está atado ao fio do destino. Essa ideia é reforçada pela comparação do Cavaleiro da Caveira, que descreve Guts como um elemento que perturba a reflexão do mundo astral, ou seja, ele distorce o fluxo preordenado dos eventos em vez de segui-lo.

A anomalia: Guts e o artefato

O Behelit é fundamentalmente uma ferramenta da causalidade, aparecendo apenas para aqueles que são escolhidos pelo destino para sofrerem uma transformação extrema. No entanto, Guts mantém posse do artefato mesmo quando explicitamente desafia a estrutura causal. Se ele está fora desse sistema, a pergunta fundamental surge: por que o objeto permanece com ele? A hipótese propõe que o Behelit não segue Guts, mas sim quem está ao seu lado: Puck.

Puck, frequentemente, tece comentários irônicos sobre ser o verdadeiro dono do artefato. Embora esses momentos sejam tratados como alívio cômico, eles podem ser pistas deliberadas do criador. Adicionalmente, nos esboços iniciais da história, o Behelit cai diretamente sobre a cabeça de Puck, um evento descartado como um mero humor, mas que pode simbolizar uma atração direcionada. A presença contínua do objeto parece estar intrinsecamente ligada à presença do elfo, pois Guts só o encontra enquanto Puck está presente.

Puck como baluarte ou novo foco da causalidade

Caso o Behelit reflita o mecanismo do destino, sua atração por Puck indicaria que o elfo atua como uma força de estabilização ou equilíbrio no sistema. Puck existe em um limbo, imune ao desespero profundo que normalmente leva um indivíduo a ativar o artefato. Isso explicaria por que o objeto permanece inativo, mas nunca desaparece.

Outro ponto forte da teoria reside na natureza da escolha do Behelit. Frequentemente se assume que ele seleciona indivíduos cruéis, mas a narrativa demonstra que ele se manifesta para aqueles que possuíam intenções puras e que, ao atingirem o colapso máximo de desespero, se voltam ao seu lado mais sombrio. Personagens como Griffith, antes do Eclipse, eram admirados. Se o catalisador busca corromper a pureza máxima, Puck, um ser genuinamente bondoso e inocente, se torna tecnicamente o candidato mais puro e, portanto, o alvo mais significativo de uma eventual queda.

O momento do silêncio

Um evento recente na narrativa forneceu um momento de inflexão para essa linha de raciocínio. Ao testemunhar Guts sucumbir totalmente ao desespero, Puck, conhecido há muito tempo como a fonte de alívio cômico e leveza, cai em um silêncio absoluto. Essa reação é inédita. A ausência de piadas ou comentários sugere que, pela primeira vez, Puck internaliza a verdadeira profundidade da crueldade do mundo. Para os teóricos, esse pode ser o ponto onde o desespero começa a tocar a alma mais pura, o catalisador final que poderia despertar o Behelit para seu propósito real, ligado ao elfo.

Nessa visão, Guts é o agente que perturba o destino, Griffith é sua manifestação cruel, e se o Behelit segue Puck, ele representaria o teste final da causalidade: ver se até mesmo a alma mais inocente pode ser forçada a cair no abismo, conforme explorado na obra de Kentaro Miura.