A oportunidade perdida no mangá de boruto: O impacto de uma ordem de abate imediato

A era do Boruto: Naruto Next Generations, especificamente na fase do salto temporal, levanta questões fascinantes sobre as dinâmicas de poder e os dilemas morais que poderiam ter sido explorados. Analisando o ponto em que as tensões geopolíticas e a ameaça de Boruto Uzumaki atingem o ápice, surge a especulação sobre uma diretriz narrativa mais severa: a emissão de uma ordem de 'abater ou prender' (kill or flee on sight) contra o protagonista.

Tal medida significaria uma ruptura radical com a estrutura comum das histórias de ninjas, onde a captura e a reabilitação muitas vezes prevalecem sobre a eliminação sumária. Em um universo como o de Naruto e Boruto, conhecido por seus laços complexos e a crença na redenção (exemplificada por personagens como Obito Uchiha), impor tal decreto teria estabelecido um clima de caça implacável, remodelando completamente a forma como os shinobis aliariam ou perseguiriam o jovem herói.

O Contexto de Isolamento e Desconfiança

O arco atual do mangá insere Boruto em um cenário de extremo isolamento. Com a maldição de Momoshiki Ōtsutsuki ativando-se progressivamente e a desconfiança generalizada após os eventos traumáticos, a ideia de que as nações ninjas pudessem declarar Boruto uma ameaça de nível S, dispensando julgamento, adicionaria uma camada de urgência desesperadora à sua jornada de sobrevivência.

Se tal decreto fosse instituído pelo Conselho Kage ou por uma liderança internacional, as implicações seriam vastas. Não apenas os antigos aliados teriam que tomar decisões agonizantes, mas também a própria natureza das batalhas mudaria. O objetivo não seria mais convencer, mas neutralizar a todo custo, forçando Boruto a depender exclusivamente de sua astúcia e do pequeno círculo de protetores remanescentes, como Kawaki.

A Complexidade da Escolha Moral

Essa decisão narrativa forçaria os produtores da história a confrontar a dicotomia entre a segurança da vila e a lealdade a um indivíduo que é, tecnicamente, o filho do Sétimo Hokage. A execução de tal ordem teria ecoado os momentos mais sombrios dos conflitos passados, mas desta vez, aplicada ao centro da nova geração.

A ausência dessa diretriz permissiva permite que a tensão se construa através da perseguição e da fuga, mas a autorização explícita para o abate imediato poderia ter acelerado a maturidade de Boruto de maneira mais brutal. Exploraríamos então a linha tênue entre atos desesperados de autodefesa e a inevitável condenação ao status de pária internacional, um destino raramente reservado aos protagonistas centrais em histórias de longa duração como a de Masashi Kishimoto.

A narrativa de perseguição, embora rica em ação, teria ganhado um peso dramático insuperável sob uma ameaça contínua de aniquilação por qualquer força de oposição, elevando o sofrimento e a resiliência do jovem ninja a um novo patamar de seriedade no universo Naruto.