A polêmica persistente: A raridade de defensores convictos da figura de griffith em berserk
A figura de Griffith, antagonista central de Berserk, suscita debates intensos sobre moralidade e sacrifício no universo da obra.
A trajetória de Griffith, o carismático líder da Tropa do Falcão e peça central na mitologia de Berserk, permanece como um dos tópicos mais divisivos na história dos mangás e animes. Embora a frase “Griffith did nothing wrong” (Griffith não fez nada de errado) tenha se popularizado como um meme irônico dentro da base de fãs, a investigação sobre a existência de defensores genuínos e não irônicos de suas ações levanta questões profundas sobre a interpretação de personagens moralmente ambíguos.
A complexidade de Griffith reside na dualidade de sua natureza. De um lado, ele é apresentado como um gênio militar, um visionário capaz de inspirar devoção absoluta, movido unicamente pelo desejo de realizar um sonho extraordinário transcender o papel de mero humano. Essa fascinação inicial, que conquistou Guts e Casca, é palpável e serve como base para qualquer tentativa de justificação de seu caminho.
Entre o idealismo e o sacrifício extremo
Os apoiadores que tentam construir uma defesa para Griffith geralmente ancoram seus argumentos na ideia do “fim justifica os meios”. Sob essa ótica, o sacrifício da Tropa do Falcão durante o Eclipse é enquadrado não como um ato de pura maldade, mas como o custo inevitável para que Griffith alcançasse seu destino como Femto, o quinto Membro da Mão de Deus. Eles apontam para o sofrimento crônico do mundo de Berserk e sugerem que a intervenção de uma entidade com o poder de Griffith, mesmo que brutalmente adquirida, era necessária para trazer ordem ou uma nova era.
No entanto, essa linha argumentativa exige que se minimize ou se ignore completamente o trauma infligido às vítimas, especialmente Casca. A defesa do idealismo de Griffith colide frontalmente com a natureza visceral e a escala do horror que ele desencadeia. A narrativa, criada por Kentaro Miura, é meticulosa em mostrar as consequências psicológicas e físicas de suas escolhas, transformando a perspectiva de seus defensores em uma minoria ideologicamente isolada do consenso majoritário sobre a vilania do personagem.
A separação entre personagem e narrativa
A procura por alguém que defenda Griffith incondicionalmente revela que, na maioria das análises sérias sobre a obra, a simpatia pelo desejo do personagem nunca se traduz em aprovação de suas ações finais. A recepção da comunidade geralmente se divide em fases de compreensão do seu carisma antes do Eclipse e condenação categórica após o evento. Analistas frequentemente utilizam a figura de Griffith como um estudo de caso sobre a corrupção pelo poder absoluto, um tema recorrente em grandes épicos de fantasia como O Senhor dos Anéis ou mesmo em dramas históricos.
Compreender Griffith é entender o que significa para um indivíduo sacrificar a humanidade e a empatia em nome de uma visão transcendental de si mesmo. Enquanto o meme sobre ele não ter feito nada de errado sobrevive como uma piada interna, a defesa genuína de seus atos no trágico clímax de Berserk permanece um fenômeno extremamente raro, indicando o sucesso da obra em estabelecer uma fronteira moral clara, apesar da profundidade psicológica de seu antagonista.