A possibilidade teórica de múltiplas ascensões de apóstolos simultâneas em berserk

Uma questão fascinante sobre a mitologia sombria de Berserk, criada pelo mestre Kentaro Miura, reside na ativação do Behelit. O artefato, a chave para se transformar em um Apóstolo, exige que seu portador atinja o ponto mais baixo de desespero e sofrimento em sua vida. Isso levanta uma especulação sobre cenários de sacrifício em grupo: o que acontece se dois indivíduos, em momentos críticos de suas vidas, possuírem um Behelit e um deles for forçado a usá-lo?

A premissa central para a ascensão é a desesperança absoluta. Se um mercenário, por exemplo, já está no auge da miséria e se submete ao sacrifício orquestrado pelo Eclipse convocado por seu companheiro, esse seria o ponto final de seu sofrimento. A dúvida surge se essa catarse extrema de um indivíduo seria suficiente para desencadear a transformação do segundo portador do artefato, que também se encontra em um estado limite, mas não é o foco direto do ritual da Mão de Deus.

O limiar do sacrifício e a natureza dos Behelits

O ritual para se tornar um Apóstolo envolve um sacrifício humano ou, no mínimo, o sacrifício de tudo o que é precioso para o indivíduo, tudo isso enquanto a dor emocional culmina na ativação do Behelit. A ideia de que um indivíduo já sacrificado possa ser considerado um ponto baixo subsequente é analisada sob a ótica da causalidade e do destino impostos pelas entidades demoníacas.

A crença estabelecida indica que cada Behelit chama seu mestre em seu momento providencial. Se dois receptáculos estiverem presentes, cada um reagindo ao seu próprio desespero intransponível, teóricos sugerem que a manifestação do Behelit do primeiro indivíduo poderia criar uma onda massiva de energia demoníaca. Essa onda, por sua vez, poderia fatalmente empurrar o segundo portador para além do limiar, permitindo que seu próprio artefato reaja, mesmo que o sacrifício central esteja ocorrendo com o primeiro.

A sincronia dos Eclipses

A complexidade aumenta ao considerar se o Behelit de um só indivíduo pode induzir a reação do outro, ou se ser 'sacrificado' já anula a necessidade de mais sofrimento para a transformação. Ser sacrificado em prol da ascensão de outrem é, fundamentalmente, o ponto de não retorno. Se o segundo mercenário ainda possui uma esperança residual, por menor que seja, ele poderia resistir à ativação, contrastando com o primeiro que já foi irredimivelmente lançado ao vácuo existencial.

A história de fantasia sombria, conhecida por sua densidade filosófica e as consequências brutais das escolhas morais, raramente oferece respostas simples para tais dilemas. O poder do Fantasma da Espada e as lendas sobre a Era das Trevas sugerem que a intervenção da Mão de Deus é precisa e singular em cada evento como o Eclipse. A possibilidade de duas ascensões simultâneas exigiria uma convergência de destinos ainda mais rara na narrativa, talvez demandando uma conjunção cósmica mais rara do que a já vista na narrativa central.