A busca por protagonistas adultos e normais no universo dos animes
O público anseia por histórias focadas em personagens na casa dos 20 anos, enfrentando rotinas sem poderes sobrenaturais ou fantasias épicas.
A indústria de animação japonesa, tradicionalmente, foca em protagonistas jovens, frequentemente estudantes do ensino médio ou imersos em ambientes fantásticos. Contudo, uma crescente demanda aponta para a necessidade de narrativas que retratem a vida adulta comum, especificamente personagens na faixa dos 20 anos, vivendo experiências mais mundanas e relacionáveis.
A preferência por personagens que já superaram a fase educacional obrigatória é notável. Há um desejo por acompanhar a jornada de um salaryman, um profissional estabelecido ou alguém lidando com as complexidades de responsabilidades civis, longe dos clichês de heroísmo imediato ou descobertas sobrenaturais. O foco reside na beleza e no drama inerentes à vida cotidiana.
O contraste entre o real e o fantástico
O cerne dessa busca é a ausência de elementos fantásticos que dominam grande parte das produções populares. A rejeição é clara a protagonistas que, embora possam começar como pessoas normais, rapidamente se envolvem em tramas envolvendo vampiros, poderes psíquicos secretos, transformações em licantropos ou revelações sobre serem divindades ancestrais. O espectador procura a longevidade desse estado 'normal' ao longo da série.
A ideia não é necessariamente que a narrativa seja tediosa ou desprovida de tensão. O que se busca é uma tensão orgânica, derivada de desafios pessoais, profissionais ou de relacionamento, em vez de ameaças de nível apocalíptico. A normalidade, quando bem explorada, pode ser um cenário complexo e rico em detalhes emocionais.
Exemplos de temas buscados
Um exemplo citado que se aproxima dessa idealização seria o conceito de animações centradas em personagens que já concluíram sua formação acadêmica, como alguém estabelecido em um emprego estável. É um campo pouco explorado se comparado a séries sobre vida escolar ou isekai. O personagem deve, essencialmente, 'permanecer um homem' ou mulher comum durante toda a obra.
Embora existam obras que flertam com essa realidade, muitas acabam sucumbindo à necessidade de introduzir um elemento de fantasia ou aventura para gerar interesse de audiência em massa. A dificuldade reside em manter a audiência engajada com a trajetória de um indivíduo cuja maior luta pode ser o equilíbrio entre a carreira e a vida pessoal, ou a evolução dentro de um ambiente corporativo, como o sugerido por narrativas que focam em personagens da vida de escritório.
A ausência de tais representantes na mídia sugere uma oportunidade não totalmente explorada pelo mercado de animes, que tradicionalmente prefere o escapismo proporcionado pelo gênero de fantasia e ação. A consolidação de um enredo focado unicamente no drama social e profissional de protagonistas na casa dos vinte anos pode trazer uma nova camada de identificação para o público mais velho.