A queda na qualidade de produção de obras populares e a pressão do mercado competitivo
Uma análise sobre a percepção de declínio na qualidade de certas produções e o dilema da indústria em priorizar popularidade de IP sobre excelência.
Uma corrente de análise recente levanta questionamentos importantes sobre a deterioração percebida na qualidade de certas produções, especialmente aquelas ligadas a franquias já estabelecidas. A expectativa criada após grandes eventos ou inovações no passado, como o que ocorreu após a estreia de Puppet Master (PV), parece ter sido frustrada ao longo das temporadas subsequentes, indicando um possível desvio de foco criativo e técnico.
O cerne da questão reside na avaliação da obra pelo público consumidor e na postura da empresa detentora da propriedade intelectual (IP). Argumenta-se que, diferentemente de perceberem a qualidade final, o consumidor possui uma percepção inerente sobre o valor estético e técnico de um produto, assim como se pode distinguir facilmente um prato bem executado de um mal feito, mesmo sem ter habilidades culinárias.
O Esforço versus o Resultado Final
É um fato que a produção de qualquer conteúdo, seja ele animado ou físico, exige tempo considerável e muito esforço. No entanto, a dedicação aplicada não garante, por si só, a durabilidade ou a excelência do resultado. Como em qualquer artefato de engenharia, se uma peça fundamental falha devido a uma estrutura deficiente, a responsabilidade recai sobre o criador, e não sobre o consumidor que a utiliza.
Essa reflexão ganha contornos mais agudos quando o setor em questão funciona sob um regime que, em tese, deveria ser altamente competitivo. Em ambientes de mercado saudavelmente competitivos, espera-se que as corporações se esforcem continuamente para superar os concorrentes através da melhoria constante da qualidade dos seus produtos. Este esforço é notado em diversos segmentos do entretenimento. Por exemplo, é possível observar avanços significativos em grandes franquias de jogos eletrônicos, como a série Battlefield, onde até mesmo corporações tradicionalmente criticadas, como a EA, demonstram sinais de uma retomada na qualidade de entrega, motivadas pela concorrência feroz.
A Prioridade no Lucro Rápido
O cenário analisado, contudo, parece apresentar o oposto desse dinamismo. Há a impressão de que, em vez de buscar a excelência técnica e narrativa para garantir a fidelidade do cliente a longo prazo, algumas empresas estariam adotando uma estratégia de capitalizar rapidamente sobre a popularidade pré-existente de uma marca consagrada. Este tipo de abordagem, focada em extrair rendimentos imediatos sem o devido investimento na manutenção da excelência, é visto como um reflexo da falta de pressão competitiva interna ou da complacência perante a base de fãs já estabelecida.
Essa estratégia, embora possa gerar lucros a curto prazo, é vista por especialistas como uma precursora da desvalorização gradual da propriedade intelectual. O público, que inicialmente aceita certas concessões, tende a se afastar quando a discrepância entre a expectativa e a entrega se torna muito grande. O lamento geral aponta para a perda de um padrão de excelência que, segundo analistas de mercado de entretenimento, deveria ser o motor principal em uma indústria tão dinâmica e dependente da satisfação contínua do espectador.