A profunda razão por trás da rejeição de guts à condescendência de griffith em berserk

A decisão monumental de Guts de abandonar a Tropa do Falcão, um ato que culminaria em eventos cataclísmicos na narrativa de Berserk, está intrinsecamente ligada à sua incapacidade de tolerar a condescendência de Griffith. No Capítulo 33 do mangá, antes de sua partida silenciosa, Guts revela a Corkus e Judeau que a razão primordial para buscar um caminho próprio é o fato de não suportar mais a forma como Griffith o via.

Essa motivação transcende uma simples divergência de ambições. Ela mergulha nas profundezas da psicologia fragmentada de Guts, moldada por uma infância marcada pela violência e pela ausência de afeto genuíno. Ele expressa, de alguma forma, ter encontrado em Griffith a primeira pessoa cuja atenção ele realmente desejava receber. Este anseio por reconhecimento transforma a estrutura de poder dentro do grupo:

• Busca por Validação: A necessidade de ser visto e reconhecido por alguém significativo torna a negligência ou a visão distorcida de Griffith insuportável.
• Impacto no Orgulho: O status de Griffith, que eleva Guts ao posto de um instrumento valioso, mas não um igual, fere diretamente o orgulho recém-descoberto do espadachim.

O Peso de Não Ser Visto Corretamente

A questão central reside na percepção de superioridade implícita de Griffith. Embora o comandante demonstrasse afeição e dependência tática de Guts, ele nunca o enxergava como verdadeiramente seu par em termos de propósito ou destino. Para Guts, cuja identidade foi forjada na sobrevivência brutal, ser reduzido a uma peça admirável, mas descartável no sonho de outro, invalidava suas próprias conquistas como guerreiro.

Análises sugerem que a ameaça não era a perda física, mas a erosão psicológica. Se a força que Guts tanto lutou para conquistar só servia para sustentar o sonho de Griffith - um sonho que não incluía Guts em pé de igualdade -, então essa força não lhe pertencia inteiramente. Esse sentimento confronta as inseguranças arraigadas de Guts, nascidas de sua criação com Gambino, onde o valor era sempre condicional.

A reação emocional de Guts a essa dinâmica é complexa. Esperar-se-ia talvez um confronto explosivo sobre o conceito de 'amigo' ou 'igual' proposto por Griffith. Contudo, sua resposta é a fuga. Essa retirada silenciosa é um ato extremo de autodeterminação. Ele precisa provar, primariamente para si mesmo, que sua existência e suas habilidades têm um valor intrínseco, desvinculado da admiração, mesmo que seja a admiração de alguém que ele idolatrava.

Ao forçar esse afastamento, Guts inicia a dolorosa jornada rumo à individuação completa em Berserk, um caminho pavimentado pela necessidade absoluta de ter um propósito que fosse unicamente seu, livre da sombra e do olhar, mesmo que benevolente, de seu antigo líder. A dor de ser olhado de cima, portanto, funciona como o catalisador final para sua libertação.