Reavaliação de naruto clássico destaca ritmo acelerado e o potencial desperdiçado de personagens secundários

Uma reobservação cuidadosa do anime Naruto original, conhecido como Naruto OG, tem provocado novas percepções sobre sua estrutura narrativa e desenvolvimento de elenco. Para muitos fãs que primeiro tiveram contato com a série há quase uma década, o impacto nostálgico é misturado a uma nova apreciação pela densidade do enredo introduzido na primeira fase da saga do ninja.

Um fluxo narrativo ininterrupto

Um dos pontos mais notáveis destacados nessa revisitação é a velocidade com que os eventos se sucedem. Longe de ser um anime com longos períodos de 'tempo de inatividade' entre os arcos principais, a narrativa original se mostra extremamente compacta. O percurso, que começa com a missão na Terra das Ondas, avança diretamente para o Exame Chuunin, o que desencadeia a invasão de Konoha, a visita de Itachi e, subsequentemente, a crescente sede de poder de Sasuke, culminando na missão de resgate.

Essa sequência ininterrupta de crises estabelece um ritmo que mantém a tensão alta, demonstrando uma construção de mundo e de conflitos muito mais acelerada do que alguns espectadores poderiam lembrar. É um fardo que, segundo análises, demonstra o quão bem a fundação da história foi estabelecida antes da transição para Naruto Shippuden.

O brilhantismo dos coadjuvantes, notadamente Rock Lee

A forma como os personagens secundários foram introduzidos e desenvolvidos na primeira série também chama a atenção. Rock Lee, por exemplo, é frequentemente citado como um caso de excelência em construção de personagem. Sua introdução, marcada pela demonstração de força contra Sasuke e Naruto, foi seguida por um aprofundamento significativo em sua história pessoal, seu relacionamento mentor-discípulo com Might Guy e seus objetivos ambiciosos.

O drama em torno de sua lesão durante o Exame Chuunin e sua possível recuperação serviu como um dos poucos pontos de enredo secundário que persistiram por vários arcos subsequentes na fase original. Há quem argumente que, com um roteiro diferente, Lee teria o carisma e o aprofundamento necessários para ser o protagonista principal da série. É lamentado que o desenvolvimento sólido construído em torno dele em Naruto OG tenha se dissipado significativamente na continuação, Shippuden.

Momentos de pico na fase de resgate de Sasuke

O arco de resgate de Sasuke, que mobiliza uma equipe com foco em personagens adjacentes ao Time 7, também é revisitado como um ponto alto. Este período forneceu profundidade e tempo de tela valiosos para membros do grupo. Em particular, os confrontos envolvendo Gaara e Kimimaro foram memoráveis, sendo esta última luta considerada subestimada. A intensidade do combate entre Gaara e Kimimaro é apontada como um espetáculo à parte, com Kimimaro sendo apresentado como um dos poucos ninjas capazes de sobreviver aos ataques mais poderosos de Gaara na época.

A sombra sobre Sakura e o valor dos episódios de preenchimento

Em contraste com o desenvolvimento de outros coadjuvantes, a personagem Sakura Haruno é vista como subutilizada. Argumenta-se que havia oportunidades claras para desenvolver sua motivação, seja através de um desejo de se fortalecer para proteger seus companheiros ou Sasuke, ou explorando sua notável inteligência tática. A ausência de um papel definido em batalha, como analista de jutsu ou provedora de informações cruciais, a deixou em uma posição passiva durante muitas sequências de ação.

Curiosamente, a análise também defende o valor de certos episódios de preenchimento (fillers). Embora reconhecendo que o fechamento desses arcos muitas vezes é mal executado, e que certas lutas falham no quesito de consistência de poder, as ideias iniciais são elogiadas. Em alguns casos, esses episódios adicionaram um substancial desenvolvimento de relacionamento entre personagens como Naruto e Hinata, explorando o universo com um frescor que, em certos momentos, remete a narrativas mais detalhadas de outras animações japonesas.