Revisitação da adaptação de berserk de 2016-2017 revela frustração crescente após experiência com o mangá

A nova olhada na adaptação animada de Berserk de 2016 e 2017, após o contato com o mangá original, intensifica a percepção negativa sobre sua qualidade técnica e narrativa.

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Analista de Mangá Shounen

24/11/2025 às 19:00

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A obra Berserk, criada por Kentaro Miura, possui um legado imenso no cenário do mangá e entretenimento, sendo célebre por sua profundidade temática e arte detalhada. Recentemente, um olhar retrospectivo sobre a adaptação animada produzida entre 2016 e 2017 trouxe à tona uma crítica ainda mais veemente por parte de quem já havia mergulhado no material fonte.

Para muitos fãs, a primeira experiência com os animes de 2016 e 2017, notórios pelo uso extensivo de animação computadorizada (CGI), poderia ter sido tolerável ou, no mínimo, aceitável dentro do contexto de uma adaptação. No entanto, a maturidade artística alcançada na leitura do mangá de Berserk parece atuar como um filtro implacável, expondo as deficiências profundas do produto animado.

O impacto da obra literária na percepção da animação

Quando um espectador é introduzido primeiro a uma adaptação, suas referências visuais e rítmicas são moldadas por aquela versão. Essa percepção inicial, que pode ter incluído uma aceitação passiva de certas escolhas de produção, é drasticamente alterada ao se confrontar a riqueza visual e a densidade narrativa do mangá. A obra escrita é reverenciada por seu estilo artístico denso, muitas vezes comparado a xilogravuras complexas, e pelo ritmo meticuloso com que Miura desenvolvia arcos emocionais e batalhas épicas.

Ao revisitar as temporadas de 2016-2017, o contraste se torna gritante. As críticas se concentram, majoritariamente, na execução técnica do CGI, que muitos consideram datado ou mal integrado com a animação 2D, comprometendo a fluidez das cenas de ação e a expressividade dos personagens, elementos cruciais para uma história com a intensidade de Berserk.

Traição estética Versus Fidelidade narrativa

A tentativa de transpor a escuridão e o drama do arco do Eclipse, por exemplo, exigiu um cuidado que a animação de meados da década passada falhou em entregar, segundo os observadores mais críticos. Enquanto a adaptação cumpriu superficialmente com os eventos canônicos, a força visual dos momentos cruciais parece ter sido diluída. Isso levanta a discussão eterna sobre o que é mais importante em uma adaptação de material tão venerado: a fidelidade estrita ao enredo ou a capacidade de replicar a sensação e a qualidade artística do original.

A jornada através da obra de Kentaro Miura, que inclui volumes icônicos como aqueles que detalham a Banda do Falcão, estabelece um patamar estético que poucas produções de animação conseguem igualar. Para quem se acostuma com essa excelência no papel, assistir à representação em movimento, quando carece da mesma substância visual, transforma o que era mero desapontamento em algo que beira a experiência desagradável. Essa reavaliação demonstra como a qualidade do material original é determinante na forma como suas adaptações são recebidas a longo prazo, especialmente em franquias com um fervor de fãs tão dedicado quanto a de Guts e Griffith.

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Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.