Simbolismo numérico em hunter x hunter aponta para parentesco entre personagens no arco do continente negro
Análise detalhada revela padrões numerológicos baseados em superstições orientais e ocidentais conectando personagens como Alluka, Hisoka, Pariston e a família real de Kakin.
A obra de Yoshihiro Togashi, Hunter x Hunter, é notoriamente rica em simbolismos complexos, que vão além do desenvolvimento narrativo e se aprofundam em referências culturais e numerológicas. Uma análise intrigante sugere que números aparentemente aleatórios estão intrinsecamente ligados a papéis e conexões entre personagens centrais, culminando em uma especulação sobre o parentesco de Marayam, um dos príncipes de Kakin.
O medo dos números e o destino dos poderosos
O estudo dos símbolos foca principalmente na Tetrafobia, o medo do número 4, prevalente em países do Leste Asiático, onde 'quatro' soa semelhante a 'morte'. Esse tema se manifesta em diversos pontos da trama:
- Alluka Zoldyck: A quarta criança de Silva é considerada a mais perigosa, associando seu poder fatal a esse número.
- Hisoka: O Coringa é o 44º no Exame Hunter e o quarto membro do Genei Ryodan, destacando sua natureza ligada à morte e ao perigo.
- Tserriednich Hui Guo Rou: Por ser o quarto Príncipe, ele é identificado como o mais perigoso da família real de Kakin.
- Meruem: O Rei das formigas Quimera foi o quarto e último membro da guarda real a nascer, após Pitou, Pufu e Youpi.
Em contrapartida, está a Triscaidecafobia, o medo do número 13, associado na tradição ocidental à má sorte e à décima terceira carta do Tarot, que representa a Morte. Essa simbologia recai sobre Pariston Hill, que ascendeu como o 13º Presidente da Associação Hunter, sendo considerado o mais perigoso entre os 12 Zodíacos.
Conexões teológicas e os grupos de doze
O autor utiliza a dualidade de Jesus Cristo e Judas Iscariotes, bem como a narrativa bíblica de José e seus doze irmãos, para estruturar grupos como o Genei Ryodan (Ladrões Fantasmas) e os Zodíacos.
O Genei Ryodan, com 12 membros, estabelece Chrollo Lucilfer em um papel análogo a Jesus, enquanto Hisoka espelha Judas, o traidor, embora com um renascimento simbólico. A associação de Hisoka com o número 666, data de nascimento (6 de junho) e a figura do Anticristo, é vista em contraste com Tserriednich, que, apesar de ser associado a Jesus, também carrega símbolos apocalípticos como as duas feras do Livro do Apocalipse.
Nos Zodíacos, Isaac Netero seria o patriarca bíblico Isaac (conhecido por sua longevidade), e seu filho, Beyond Netero, assumiria o papel de Jacó, pai das doze tribos de Israel. Os doze Zodíacos seriam, portanto, os doze filhos de Jacó. Nesse contexto familiar, Pariston (oposição a Ging Freecss) reflete a rivalidade bíblica entre José e seus irmãos, especificamente em relação ao papel de liderança.
A hipótese sobre Marayam e Beyond Netero
A análise sugere que Togashi continua a utilizar os arquétipos de Jesus (1º papel) e José (2º papel) de forma intercambiável. Se Isaac Netero representa Jacó, e Beyond Netero representa o patriarca subsequente, o mistério se volta para a família Hui Guo Rou.
Tserriednich é associado ao número 4 (como Hisoka/morte) e a um papel semelhante ao de Jesus. A hipótese central, baseada na continuidade dos papéis bíblicos, levanta a possibilidade de que Marayam, o 13º Príncipe da família, possa assumir o papel simbólico de José, estabelecendo uma conexão direta com Beyond Netero (Jacó). Dessa forma, Marayam seria especulativamente um filho ou um herdeiro simbólico do legado de Beyond, mantendo os padrões de inversão numérica adotados pelo mangaká, onde o número 13 representa um papel de destaque, similar ao de José entre os doze filhos de Jacó.