A simbologia das asas de femto: Por que o ápice da forma demoníaca de griffith em berserk parece inútil?

A transformação de Griffith em Femto, a entidade suprema do God Hand em Berserk, representa o pináculo do poder e da ambição, mas um aspecto visual de sua nova forma continua a gerar questionamentos sobre sua função prática dentro da narrativa: as asas.

Quando Griffith ascende, ele adquire uma silhueta angelical, porém sombria, marcada pela posse de um par de grandes asas elegantes. No entanto, apesar de sua proeminência visual, há uma notável ausência do uso dessas estruturas alares para a locomoção aérea, levantando a questão sobre a real utilidade desse apêndice.

O paradoxo da mobilidade de Femto

Durante a materialização e as interações de Femto no mundo físico subsequentes ao Eclipse, a forma mais comum de locomoção observada não é o voo autônomo. Pelo contrário, o observador é levado a notar que Griffith, em sua encarnação como o 'Falcon of Light', frequentemente utiliza outros meios para viajar longas distâncias ou para se alçar aos céus.

O exemplo mais notório é o uso do dragão demoníaco Zodd, que serviu como montaria para Griffith em diversos momentos cruciais. Se a forma final do ser mais poderoso da Banda dos Cinco possui asas, projetadas evolutivamente para o voo, por que a necessidade de recorrer a outras criaturas para tal função? A lógica sugere que as asas seriam a ferramenta mais direta e eficiente para um ser celestial com o poder de Femto.

Asas como um emblema da escuridão

Uma interpretação predominante sugere que as asas não são primariamente instrumentos de mobilidade, mas sim elementos profundamente simbólicos. No universo de Kentaro Miura, a dualidade entre anjos e demônios é constantemente explorada, e a estética de Femto é uma subversão macabra da iconografia cristã.

O apelido que acompanha sua ascensão, frequentemente associado às 'Asas das Trevas' ou algo similar, cimenta o uso destas estruturas como um emblema de sua natureza. Elas confirmam sua transição de um líder humano carismático para uma figura quase divina, embora oriunda do mal absoluto. Nesse contexto, a função das asas seria primariamente representacional, um troféu visual da sua barganha com o mal.

Além disso, é importante considerar que a capacidade de manipulação da realidade e do espaço-tempo por Femto, como membro do God Hand, pode transcender a necessidade de locomoção física tradicional. Viajar não exige necessariamente bater as asas quando se pode, teoricamente, dobrar o espaço ao seu redor ou simplesmente se manifestar. O voo orgânico torna-se obsoleto diante de poderes quase onipotentes.

Portanto, as asas de Femto parecem ser menos um recurso de engenharia biológica e mais uma assinatura estética cruel, um ornamento que celebra a conquista do seu desejo mais profundo, mesmo que o instrumento físico para o voo tenha sido aposentado em prol de métodos mais extravagantes ou simplesmente dispensáveis para o seu novo nível de existência.