A busca por sucessores do 'big 3' do mangá na nova geração de animes
A indústria de anime busca obras com potencial épico para replicar o impacto cultural e comercial do 'Big 3' shonen clássico.
O legado do que ficou conhecido como o Big 3 do mangá - formado por One Piece, Naruto e Bleach - deixou um vácuo de domínio cultural no cenário dos animes e mangás. Essas três séries não apenas dominaram as vendas por anos, como também estabeleceram um padrão de longevidade, escopo narrativo e impacto global que agora é o molde para a nova safra de grandes produções.
Análises recentes apontam para uma nova leva de títulos que exibem características semelhantes àquelas que alavancaram seus antecessores ao estrelato. O cerne da questão reside em identificar quais animes emergentes possuem a combinação certa de escrita robusta, desenvolvimento de personagem aprofundado e potencial mercadológico para alcançar o mesmo patamar de fenômeno de massa.
O que define um sucessor do Big 3?
O desempenho do Big 3 não se baseou apenas em batalhas emocionantes. Eles criaram universos vastos e coerentes, introduzindo arquétipos de personagens memoráveis, explorando temas complexos como amizade, sacrifício e a busca por ideais. Para que um título recente conquiste essa métrica, ele precisa transcender a qualidade técnica da animação.
Atualmente, obras como Jujutsu Kaisen são frequentemente citadas. Seu sucesso estrondoso de público e crítica é impulsionado por um sistema de poder bem definido, conhecido como energia amaldiçoada, e um ritmo narrativo implacável. A forma como Jujutsu Kaisen equilibra momentos de ação frenética com reflexões sobre moralidade e perda o coloca em uma posição de destaque.
A ascensão de narrativas épicas
Outro fator crucial é a capacidade de manter a empolgação do público através de sagas longas e bem planejadas. Enquanto o público clássico se acostumou com as jornadas prolongadas de Luffy ou Ichigo Kurosaki, as novas séries precisam entregar arcos narrativos que justifiquem esse investimento de tempo.
O fenômeno Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba exemplifica esse potencial, especialmente devido à sua adaptação cinematográfica e televisiva de altíssima qualidade visual, cortesia do estúdio Ufotable. Embora sua estrutura narrativa possa ser considerada mais linear que a de seus antecessores, sua ressonância emocional universal e a excelência no *sakuga* (animação de alta qualidade) confirmam um domínio popular impressionante, comparável à força de Naruto em seu auge.
Além desses gigantes de ação, há um reconhecimento crescente de que o conceito de novo Big 3 pode se expandir para incluir narrativas com escopo igualmente ambicioso, mesmo que o gênero não seja puramente shonen de luta. A expectativa é que qualquer série que consiga construir um fandom global fervoroso e manter a relevância por mais de cinco anos venha a ser enquadrada nesta nova era de domínio cultural no entretenimento japonês.