A natureza da transformação de griffith em femto: Uma entidade separada ou a culminação de um desejo suprimido?
Uma análise aprofundada explora se Griffith e Femto são entidades distintas ou se o segundo é a versão final e desinibida do primeiro em Berserk.
A complexa e trágica jornada de Griffith em Berserk, culminando em sua ascensão como Femto, reacende um debate central sobre a natureza da identidade e do sacrifício no universo criado por Kentaro Miura. A questão fundamental reside em saber se Femto é uma nova entidade completamente separada de Griffith, ou se ele representa a manifestação extrema do desejo original de Griffith, agora despojado de qualquer moral humana.
A narrativa sugere que Griffith, antes do Eclipse, não compreendia plenamente as implicações de possuir um Behelit, nem o custo da intervenção da Mão de Deus. O texto que fundamenta essa análise aponta para evidências de que Griffith se importava com a Bando do Falcão. Um indício crucial é o seu gesto instintivo de tentar puxar Guts consigo quando a cerimônia fatídica começa, um último resquício de humanidade antes da transição.
O Ponto de Inflexão: Desespero e Aceitação
Situado em seu ponto mais baixo, aleijado, mudo e tendo perdido seu sonho, a aceitação da oferta da Mão de Deus parecia inevitável para Griffith. No entanto, ao aceitar, ele não se torna simplesmente Femto; ele evolui para um ser que precisa justificar cada sofrimento e sacrifício daquele momento. Femto emerge como a personificação da negação de qualquer hesitação, cortando laços com sua natureza humana para perseguir seu objetivo a qualquer custo.
Essa transformação pode ser comparada à jornada de figuras icônicas como Darth Vader em Star Wars. A ideia central defendida é que o Griffith original não é apagado, mas sim suprimido. A essência humana é enterrada, não eliminada.
A Persistência da Humanidade nos Apóstolos
A própria mecânica dos Apóstolos oferece suporte a essa teoria de supressão em vez de aniquilação total. Há casos documentados onde um Apóstolo se recusa a infligir um sacrifício adicional, mesmo após já terem renunciado a grande parte de sua humanidade. A decisão de um Apóstolo de não sacrificar a própria filha, por exemplo, demonstra que resquícios de consciência e afeto podem sobreviver à transformação.
O Behelit, segundo essa interpretação, não cria um indivíduo amnésico. Ele atua como um amplificador de desejo, concedendo poder em troca da rejeição ativa da humanidade. A capacidade de um ser suprimir o que resta de seu eu passado varia. Ao longo de Berserk, observa-se que quando Apóstolos próximos da morte enfrentam o fim, há lampejos de memória, arrependimento ou medo, lembrando a todos quem eles eram antes do sacrifício.
Portanto, Femto não seria um substituto para Griffith, mas sim a sua forma final. É a porção de Griffith que priorizou o sonho acima de qualquer outra consideração, agora incumbida de controle absoluto. O lado humano, embora invisível sob as asas e a coroa, permanece aprisionado, um lembrete silencioso do alto preço pago pela realização de um sonho transcendente.