Um universo alternativo para berserk: O que seria uma paródia no estilo colegial?

A complexidade e a escuridão inerentes a Berserk, obra-prima de Kentaro Miura, frequentemente convidam a especulações sobre como seus personagens reagiriam em contextos radicalmente diferentes. Uma dessas propostas imagina a saga do Espadachim Negro transportada para um cenário de comédia escolar leve e exagerada, nos moldes de produções como Attack on Titan: Junior High.

A premissa central envolve substituir o universo medieval brutal, repleto de demônios e traumas profundos, por um cenário moderno de Ensino Médio na fictícia Midland High. Diferente da narrativa original, onde a sobrevivência é constante, aqui os conflitos seriam reduzidos a rivalidades típicas de adolescentes e situações cômicas.

A redefinição dos protagonistas

Neste universo paródico, Guts, que na obra original é marcado por uma jornada de vingança implacável, é retratado como um jovem intimidante por fora, mas fundamentalmente tranquilo, que insiste em carregar uma réplica gigantesca de sua espada, a Dragonslayer. A mudança de tom é drástica, transformando a luta pela existência em dramas juvenis.

Por outro lado, Griffith assume o papel do garoto popular e charmoso, um verdadeiro playboy sedutor que nutre uma relação complexa com Guts, vendo-o como mais que um simples colega. Ele lidera o grupo, a Banda do Falcão, que aqui funciona como um círculo de amigos, sem as conotações militares ou trágicas.

Casca é reimaginada como o interesse amoroso típico de Guts, uma garota de personalidade forte e estilo tomboy, que se torna sua namorada no decorrer da suposta trama. Personagens secundários também ganham papéis adaptados para a vida escolar:

• Farnese: Uma garota rica com tendências yandere, obcecada por Guts e sempre acompanhada de seu lacaio, Serpico.
• Schierke: A nerd estereotipada da turma.
• Isidro: Um aspirante a durão que admira Guts como um irmão mais velho.
• Zodd: Apresentado como um valentão recorrente.
• Puck: Reduzido a um mascote mercadológico da escola.

O contraste com a obra original

A comparação com a versão Junior High de Attack on Titan, citada como inspiração, ajuda a entender a abordagem. Enquanto a série original de Hajime Isayama lida com o autoritarismo e o horror apocalíptico, a paródia transforma os Titãs em uma raça coexistente e remove os elementos mais sombrios, focando no humor e nas dinâmicas de grupo.

Transpor essa lógica para Berserk significa desmantelar o tom Lovecraftiano e o peso do Eclipse, trocando-os por típicas tensões de Ensino Médio, como a rivalidade entre estudantes ou a atenção da filha do diretor, Charlotte, por Griffith. Essa releitura destaca o quão intrínsecos são os temas de tragédia e superação para a identidade da obra de Miura, sugerindo que o apelo de Berserk reside justamente na sua recusa em oferecer soluções fáceis ou alívio cômico duradouro.