Análise das inconsistências no corpo astral de guts em berserk e seus paralelos com outras entidades
Observações detalhadas apontam diferenças notáveis na manifestação astral de Guts em Berserk quando comparada a outros personagens.
A complexa cosmologia apresentada em Berserk, especialmente no que tange ao plano astral, tem gerado um detalhado escrutínio por parte dos entusiastas da obra de Kentaro Miura. Uma observação recorrente foca na representação do corpo astral do protagonista, Guts, que exibe características distintas em relação a outros seres humanos, como as feiticeiras.
A principal discrepância reside na ausência do fio condutor ou fita, um elo etéreo que conecta o corpo astral de indivíduos conscientes, como Schierke e Farnese, ao seu respectivo corpo físico enquanto exploram o plano espiritual. Guts, no entanto, parece operar em uma condição anômala, desprovido dessa ligação visível.
Diferenças notáveis no plano espiritual
Esta ausência de conexão astral não é exclusiva de Guts. Figuras poderosas ou seres que transcendem a natureza humana também são retratadas sem esse filamento. Um exemplo proeminente é Griffith, na sua manifestação como Femto, durante momentos cruciais como a Invocação do Sacrifício, ou mesmo seres já nascidos no plano etéreo, como o Menino Lunar e a feiticeira Flora.
A interpretação sugerida para essas variações aponta para a natureza da viagem astral. Enquanto bruxas como Schierke parecem viajar pelo mundo astral, mantendo um vínculo com sua realidade física, a descida de Guts e Griffith, especialmente em momentos de introspecção ou projeção mental profunda, pode sugerir uma imersão em seus próprios eus interiores, ou mundos oníricos.
A condição singular de Guts e os seres de origem
A situação do Menino Lunar esclarece parte do mistério. Nascido como um ser puramente astral, sua ausência de um corpo físico para ser 'ancorado' justifica a ausência de um laço. O mesmo princípio se aplicaria a Flora e a Femto, cujos corpos astrais parecem ser sua forma primária ou verdadeira forma, tornando o conceito de 'ligação' irrelevante.
Entretanto, Guts complica essa teoria. Ele era plenamente humano, com um corpo físico robusto, antes de múltiplos traumas e transformações. A evidência de que Schierke, ao visitar a 'Consciência de Guts' durante um arco específico, o encontrou com um fio de ligação, sugere que a regra da fita existe para ele, mas falha em se manifestar em todas as suas projeções astrais.
A questão fundamental que permanece é o motivo pelo qual Guts, um mortal que utiliza a magia de forma reativa e sob coação espiritual, manifesta seu corpo astral de maneira tão inconsistente se comparado aos praticantes dedicados da magia, como a escola de Magia de Brodia. A ausência da fita em suas manifestações mais caóticas pode indicar uma erosão de sua conexão com a realidade física devido à presença constante do Brando do Sacrifício, ou uma profunda cisão de sua psique.
Essas nuances na representação astral de Berserk sublinham a profundidade com que a obra explora a dualidade entre mente e matéria, sugerindo que as regras do plano espiritual são flexíveis e diretamente ligadas ao estado psicológico e ontológico do personagem envolvido.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.