A complexa ligação entre obito e kakashi: Análise da permanência do sharingan em naruto

A trajetória de Tobi/Obito Uchiha na saga Naruto é repleta de reviravoltas e motivações profundas, mas uma questão frequentemente persiste na mente dos analistas: por que Obito jamais tentou recuperar o olho esquerdo que havia sido implantado em Kakashi Hatake? Uma imersão cuidadosa na narrativa canônica sugere que a resposta não reside em um lapso de memória ou desinteresse, mas sim em um complexo vínculo psicológico e emocional com seu antigo companheiro de equipe.

O medo de perder o último elo com a luz

O cerne da questão aponta para um fato fundamental: Obito nunca cessou de se importar com Kakashi. Embora esse sentimento estivesse reprimido por anos de ódio, desespero e a construção do seu plano Tsukuyomi Infinito, a conexão persistia como um fio tênue, mas resistente. O exemplo mais contundente disso ocorreu no dia da morte de Rin Nohara. Consumido pela fúria cega, Obito executou todos os ninjas envolvidos no incidente, mas deliberadamente poupou Kakashi, o responsável direto pela morte dela. Este ato demonstra uma incapacidade estrutural de ferir a pessoa que, em seu subconsciente, representava seu último elo com a sanidade e com o mundo que ele havia perdido.

A evitação de Kakashi, na verdade, era um mecanismo de defesa. Estar perto de Kakashi ameaçava desmantelar o frágil mundo de ilusões que Obito havia construído para justificar sua jornada sombria. Ele temia que a presença de Kakashi pudesse reacender dúvidas e, potencialmente, puxá-lo de volta da escuridão, forçando-o a confrontar a insanidade de seus planos. Essa dinâmica foi inclusive percebida por terceiros na obra, visto que o Quarto Hokage, Minato Namikaze, chegou a apontar essa hesitação, e o próprio Kakashi sentia a relutância inerente ao vilão em confrontos diretos.

Evidências de conflito interno

A confirmação desse conflito é encontrada em momentos cruciais da história. No material canônico extra, como o romance de Itachi, Obito, agindo sob a identidade de Madara, demonstrava controle absoluto sobre os eventos. Contudo, ao sentir a aproximação do chakra de Kakashi, ele reagiu com pânico e se retirou apressadamente. É significativo notar que ele não manifestou tal temor ao enfrentar diretamente Minato ou Kushina. Este medo seletivo ressalta a ameaça psicológica única que Kakashi representava.

Argumenta-se, por vezes, que reencontrar Kakashi revelaria sua identidade. Todavia, essa alegação perde força quando comparada a outros riscos que Obito assumiu, como o ataque direto a Konoha ou o confronto físico com seu antigo mestre. A possibilidade de Kakashi, um adolescente traumatizado e sob forte peso da culpa, ser desacreditado caso tentasse reportar Obito vivo a Minato, era uma variável que Obito compreendia perfeitamente.

Em um nível mais profundo, Obito explorou a culpa de Kakashi. Ele sabia que seu antigo colega possuía um desejo autodestrutivo de expiação, que o levaria a aceitar qualquer ordem, até mesmo se suicidar, caso Obito o ordenasse. O encontro decisivo durante a Quarta Grande Guerra Ninja foi intencionalmente moldado para explorar essas inseguranças. Obito simulou a imagem do “Obito gentil” para manipular os sentimentos mais profundos de Kakashi.

O destino selou a importância dessa relação. Nos momentos finais de sua vida, Obito confessou que Kakashi foi a única fonte de alegria que ele teve em anos de escuridão, permitindo-lhe morrer em paz. Ademais, o databook oficial reforça que as palavras de Kakashi foram a primeira 'luz' na escuridão de Obito, com Naruto Uzumaki apenas completando o trabalho iniciado. Analisar a psicologia do personagem revela que o Sharingan permaneceu com Kakashi porque, para Obito, renunciar àquele fragmento visual seria renunciar à última âncora de humanidade que ele permitia a si mesmo manter.