A polêmica da duração da ausência de guts antes de seu retorno à tropa do falcão no mangá berserk

A decisão de Guts de deixar a Tropa do Falcão é inegavelmente um dos ápices dramáticos iniciais de Berserk, a obra-prima de Kentaro Miura. Este é o ponto de inflexão onde o protagonista exerce sua primeira escolha verdadeiramente autodeterminada, alterando permanentemente o curso da narrativa e seu destino. No entanto, ao revisitar este trecho fundamental da história, surge um ponto de debate notável sobre a gestão do tempo da trama: a janela entre a partida e o reencontro.

Para um evento tão sísmico, onde Guts rompe com a figura paterna/mentor que é Griffith, a sua ausência do grupo se resolve de maneira relativamente concisa. A jornada solitária do espadachim, o período essencial para seu desenvolvimento como indivíduo autônomo, é condensada em um arco que, em termos de capítulos, é bastante curto. Isso levou a especulações sobre se o ímpeto da narrativa sacrificou a devida construção para o retorno de Guts.

A necessidade de um hiato mais extenso

O drama inerente à separação exige um peso emocional sustentado. A escolha de Guts implica uma redefinição completa de seus objetivos e lealdades. Se o tempo passado fora da Tropa tivesse sido expandido, o valor do seu regresso poderia ter sido amplificado. Uma pausa mais longa permitiria que o leitor sentisse mais intensamente a solidão de Guts em campo aberto, ou talvez que as tensões dentro da Tropa do Falcão, sem ele, se aprofundassem gradualmente.

A rapidez com que Guts retorna, mesmo após seu rompimento dramático, questiona se o autor estava ansioso para realinhar a formação principal para os futuros conflitos. O arco da Tropa do Falcão é famoso por sua profundidade psicológica, especialmente ao explorar a dependência mútua entre os membros. Um período de separação estendido poderia ter servido para consolidar a identidade de Guts como um espadachim independente, tornando sua subsequente decisão de se juntar novamente, mesmo que temporariamente, um momento ainda mais carregado de ambivalência.

A narrativa de Miura, conhecida por sua meticulosidade na construção de mundos e personagens, parece ter optado por um ritmo mais acelerado neste ponto específico. Pondera-se se essa aceleração, embora eficaz para manter o momentum da história principal, tenha subestimado o potencial de desenvolver o período de transição de Guts. A subsequente Era de Ouro é rica em desenvolvimento, mas a lacuna entre o adeus e o reencontro é um ponto focal onde a passagem do tempo poderia ter sido mais sentida, aumentando a expectativa diante do seu reaparecimento nos campos de batalha.