Experimentos com ia levantam questionamentos sobre a produção de animes como one punch man

Um recente experimento utilizando ferramentas de inteligência artificial para redesenhar o personagem Genos, de One-Punch Man, reacendeu o debate sobre a crescente automação na indústria de animes. O autor do teste conseguiu, em cerca de 10 a 15 minutos de trabalho, transformar um painel do mangá em diversas estéticas, incluindo uma renderização 3D de alta qualidade, apesar de não possuir experiência prévia com tais geradores.

O simples fato de uma manipulação visual complexa ser realizada em tão pouco tempo sugere uma reflexão mais ampla: seria possível que produções de grande escala, como a terceira temporada de One-Punch Man, estivessem empregando versões industriais de IA para acelerar o processo de animação?

A hipótese da geração quase automática

A teoria levantada aponta que, se um sistema de IA fosse alimentado com todo o material bruto de One-Punch Man - o mangá, a arte original e os storyboards - o volume principal da animação poderia ser gerado de forma sintética. Sob essa perspectiva, os artistas humanos seriam reduzidos a intervir apenas em pequenos trechos ou para adicionar elementos totalmente novos, resultando em uma produção finalizada com extrema rapidez.

Um dos indícios que sustenta essa linha de raciocínio reside na consistência visual de certas cenas. Observa-se um uso excessivo de iluminação específica, frequentemente cores azuladas e douradas, aplicadas até mesmo em quadros de diálogo que, segundo críticos, fogem da necessidade narrativa. Isso levanta a suspeita de que essa padronização luminosa seria uma maneira de facilitar a geração rápida de animações sequenciais por um software.

Produção e o comitê

A discussão se aprofunda ao analisar o contexto da produção da terceira temporada. A rápida transição da responsabilidade de animação para o estúdio J.C. Staff é vista por muitos como um sinal de pressa ou de gestão de recursos questionável por parte do comitê de produção, que inclui grandes nomes como a Bandai Namco. A decisão de não alocar a animação a um estúdio tradicionalmente mais associado à alta qualidade de ação, caso o investimento fosse prioritário, reforça a ideia de que a meta principal poderia ser a entrega rápida em vez do detalhamento artístico minucioso.

Esses experimentos caseiros com IA funcionam como um espelho, refletindo a capacidade da tecnologia de imitar e replicar estilos consagrados. Se o resultado é alcançado por um entusiasta em minutos, a suspeita recai sobre a eficácia e a ética do uso desses mesmos métodos em produções multimilionárias que dependem da confiança do público na manutenção da qualidade visual estabelecida nas temporadas anteriores.