Fãs apontam falhas na adaptação de one-punch man, destacando omissões cruciais do mangá
Análises detalhadas comparam as temporadas do anime de One-Punch Man com o material original, focando na perda de profundidade de personagens e arcos narrativos.
A recepção das adaptações animadas de One-Punch Man tem gerado debates acalorados entre os espectadores, especialmente quando o foco se desloca para as diferenças em relação ao mangá original ilustrado por Yusuke Murata. Uma das principais críticas recorrentes reside na suposta simplificação de elementos, visando tornar o produto final mais acessível ou, em alguns casos, aderindo a padrões de classificação etária mais brandos.
Diferenças no tratamento de personagens
Observa-se, por exemplo, a remoção de detalhes visuais que contribuíam para a caracterização anterior de certas figuras, como a ausência do cigarro de Zombieman e a representação do cabelo de Atomic Samurai. Embora pareçam ajustes superficiais, para os conhecedores profundos da obra, estas omissões sinalizam uma mudança na abordagem narrativa.
Contudo, a maior preocupação aponta para a direção e a execução das sequências de ação. Enquanto a primeira temporada, produzida pelo estúdio Madhouse, foi amplamente elogiada por expandir cenas de luta, adicionando detalhes e construindo a tensão narrativa por mais tempo do que no webcomic original, as temporadas subsequentes parecem ter optado por uma abordagem mais literal.
O mistério de Elder Centipede e a intervenção de Deus
Um ponto central de crítica na segunda temporada envolve a luta contra Elder Centipede. No mangá, a transformação da criatura é diretamente ligada a uma entidade superior conhecida como “God”. Quando Genos utiliza sua força total para carbonizar o monstro internamente, sua carapaça se rompe revelando uma estrutura orgânica filamentosa, indicativa da influência divina.
Na animação, este momento crucial é reduzido a um simples brilho interno. A ausência dessa revelação visual impede que o espectador não familiarizado com o mangá compreenda a profundidade da ameaça e o papel da entidade desconhecida, que é posteriormente mencionada por Blast no material escrito. Para muitos, essa negligência é vista como um desrespeito à complexa construção de mundo estabelecida por Murata e pelo autor original, ONE.
A metamorfose incompleta de Garou
As questões se estendem à terceira temporada, com a direção sendo questionada sobre cortes significativos no desenvolvimento do arco de Garou. Um exemplo notável ocorre no episódio em que Garou derrota Royal Ripper e irrompe da célula de confinamento para atacar outros seres monstruosos.
O mangá detalha que, nesse estágio, Garou ingere a carne dos monstros derrotados, um ato fundamental para sua lenta e gradual monstruosificação. Essa alimentação não apenas explica sua crescente resiliência, mas também pavimenta o caminho para transformações futuras. No anime, a cena da ingestão da carne é pulada, fazendo com que a subsequente evolução do personagem pareça menos orgânica ou justificada em termos de sua progressão de poder e forma física.
A expectativa é que a fidelidade aos detalhes visuais e conceituais, essenciais para a tensão dramática e o desenvolvimento de personagens como Garou e a ameaça de “God”, sejam prioritárias nas futuras produções para honrar a riqueza visual e narrativa do trabalho de Yusuke Murata.